O campeão nacional belga Arnaud De Lie, apontado no início da temporada como um dos nomes a seguir nas clássicas empedradas, não alinhou à partida da E3 Saxo Classic na passada sexta-feira. A sua ausência, num momento chave da campanha das Clássicas da Primavera, intensificou as dúvidas em torno da sua condição física e competitiva.
Apesar do talento inegável e das grandes expectativas que a Lotto depositava nele, o actual momento de De Lie está longe do ideal. "A E3 não era uma prioridade no seu calendário, mas não vamos esconder: ele está muito atrasado em vários aspectos, por diferentes razões", explicou o chefe de equipa Stéphane Heulot à RTBF.
Heulot reconhece que há ainda muito trabalho por fazer e que o caminho de recuperação depende agora também da resposta do próprio corredor: "A bola está do lado dele. Estamos a fazer tudo o que podemos para o apoiar, mas correr esta sexta-feira teria sido demasiado, especialmente tendo em conta que a Gent Wevelgem, este domingo, é mais adequada às suas características. Sabemos, no entanto, que lá será difícil para ele assumir um papel de líder ."
Embora o cenário imediato não seja animador, Heulot recusa dramatizar e mantém a confiança no futuro de De Lie: "É sempre difícil quando se perde o comboio. As clássicas são importantes para ele, para a equipa e para os nossos parceiros. É um momento triste, mas o Arnaud também está a sentir isso. Conhecemos quase todas as soluções e o caminho a seguir. A época ainda é longa, mesmo que seja difícil planear a médio prazo."
O director desportivo da Lotto aproveitou ainda para apelar à paciência dos adeptos e analistas, lembrando que De Lie ainda está numa fase precoce da sua carreira: "A vida de um atleta de alto rendimento nunca é um mar de rosas. Ele só tem 23 anos. Onde estavam o Philipsen ou o Van der Poel com essa idade? Cresceram, evoluíram. O Arnaud também precisa de tempo. E não é por causa da doença de Lyme. Não há desculpas, há um caminho a percorrer."
Com a Gent-Wevelgem e a Volta à Flandres no horizonte, a questão que se impõe é: conseguirá De Lie recuperar a tempo de deixar a sua marca esta primavera?