"Treina-se muito, talvez de forma demasiado obsessiva" - Tadej Pogacar fala sobre a fadiga mental

Ciclismo
segunda-feira, 28 julho 2025 a 10:45
TadejPogacar (4)
Tadej Pogacar terminou a Volta a França com a vitória mais exigente da sua carreira. Não apenas pelas dificuldades impostas por Jonas Vingegaard na montanha ou pela pressão constante da Team Visma | Lease a Bike, mas sobretudo por um desgaste acumulado que o levou ao limite físico e mental. Em Paris, o habitual brilho do esloveno deu lugar a um semblante cansado e reflexivo, que lançou pela primeira vez interrogações sobre a sua longevidade no desporto e as consequências de uma intensidade que parece não abrandar.
"Nesta altura da minha carreira, posso parar se isso me acontecer. Não, a sério: o esgotamento é uma ocorrência comum em muitos desportos. Tanto a nível mental como físico. Como ciclista, treina-se muito, talvez por vezes de forma demasiado obsessiva", confessou Pogacar na conferência de imprensa final. O Campeão do Mundo não escondeu o desgaste que sentiu durante a prova, e admitiu que os sinais de esgotamento se manifestaram nos últimos dias da corrida.
Apesar de ter conquistado a quarta vitória na geral da Volta a França, foi uma conquista sem exuberância. A energia contagiante de edições anteriores deu lugar a um campeão exausto, que contou apenas um dia relativamente calmo em todo o Tour a etapa 8, onde não houve fuga nem cortes. Tudo o resto foi uma sucessão de dias duros, colinas traiçoeiras, montanhas exigentes e meteorologia adversa, que transformaram a corrida numa batalha mental sem tréguas.
No contexto atual do ciclismo, o Tour não é apenas três semanas de competição. É a ponta do icebergue de meses de preparação, estágios de altitude, controlo nutricional rigoroso, compromissos comerciais e pressão constante. "Estamos sempre a tentar ir mais longe, por isso, por vezes, sentimos um grande cansaço durante a época. Entretanto, a equipa quer que continuemos a correr, por isso andamos sempre de um lado para o outro. E, de repente, estamos em outubro, temos as nossas férias e, em dezembro, começamos tudo de novo. Os esgotamentos acontecem e podem acontecer-me a mim também", desabafou.
Também Remco Evenepoel admitiu ter iniciado o Tour já fatigado, agravado pelas lesões que trouxe consigo. Para Pogacar, esse tipo de entrada no Tour parece tornar-se a norma para muitos líderes de equipa. Por isso, é já certo que o esloveno não alinhará na Volta a Espanha como previsto inicialmente. O corpo e a mente exigem pausa.
Curiosamente, mesmo num final de Tour introspectivo, Pogacar não perdeu a lucidez para apontar novos alvos. Questionado pelo L’Équipe sobre o que mais o motiva no horizonte, não hesitou: “Especialmente a Paris-Roubaix, que quero ganhar. Este ano, na minha primeira participação, achei esta corrida uma loucura. O meu segundo lugar já foi incrível. Quero voltar.” O mítico Inferno do Norte parece ter conquistado um lugar especial no coração do esloveno, que pretende escrever o seu nome na história de Roubaix.
Pogacar deixou ainda palavras simpáticas sobre Jonas Vingegaard, o adversário que mais o fez sofrer nos Alpes e nos Pirenéus. "Penso que Jonas se abriu um pouco mais. Já vimos isso no Critérium du Dauphiné, onde... Não vou dizer que tivemos conversas agradáveis, porque isso soa estranho, mas tivemos conversas. Tenho de dizer que acho que ele é um tipo fantástico e que gosto de competir com ele."
Por agora, Pogacar vai finalmente descansar. Mas o seu olhar já está novamente preso aos paralelos do Inferno do Norte. Mesmo cansado, o campeão não abdica de sonhar. Porque para ele, o ciclismo continua a ser acima de tudo uma paixão.
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