Ainda falta meia Volta a Espanha por disputar, mas os holofotes já começam a virar-se para Kigali, onde dentro de 18 dias arranca o
Campeonato do Mundo de Estrada 2025. E logo no primeiro dia, a prova de contrarrelógio individual promete um duelo de luxo:
Remco Evenepoel contra
Tadej Pogacar, com a camisola arco-íris em jogo.
Pogacar: uma temporada de desgaste calculado
O esloveno chega ao Mundial após um calendário de sonho, mas também de enorme desgaste. Venceu a Volta à Flandres e a Liège-Bastogne-Liège, subiu ao pódio em Milan-Sanremo e Paris-Roubaix, e no verão voltou a impor-se em duas frentes: primeiro no Critérium du Dauphiné, depois na Volta a França, derrotando diretamente Jonas Vingegaard em ambas.
O preço desse esforço foi pesado: Pogacar terminou exausto em Paris e optou por renunciar à Vuelta, concentrando-se na defesa do arco-íris em setembro. Pelo meio, o campeão do mundo marcará presença nas clássicas canadianas (Quebec e Montreal), que servirão de afinação final para Kigali.
Um contrarrelógio fora do padrão
O percurso ruandês quebra a tradição dos mundiais planos ou rolantes: 40 quilómetros, quatro subidas e um setor de paralelos antes da meta. É um traçado híbrido, exigindo tanto potência de especialista como a capacidade de trepador, precisamente o perfil que abre a porta a Pogacar.
Ainda assim, a hierarquia da disciplina continua a apontar para Evenepoel como favorito. O belga da Soudal - Quick-Step tem sido o dominador dos contrarrelógios desde a sua estreia no World Tour e já deu provas em 2025: venceu o exercício individual no Dauphiné, precisamente diante de Pogacar.
Rivais, dúvidas e contexto
Para já, a lista de inscritos confirmados é curta. Entre os nomes já apontados estão Thymen Arensman, Magnus Sheffield e o antigo campeão do mundo Tobias Foss. Mas muitos dos grandes especialistas podem não viajar até Kigali devido ao custo logístico, às exigências de vacinação e ao contexto político do Ruanda, que vive em tensão nas suas fronteiras.
Esse fator pode estreitar ainda mais o leque de candidatos e transformar o duelo Pogacar/Evenepoel no verdadeiro foco da prova.
O que está em jogo
Para Pogacar, trata-se da oportunidade de juntar o título mundial de contrarrelógio ao de fundo conquistado em 2024. Para Evenepoel, seria a confirmação definitiva como o melhor cronometrista da sua geração. Kigali prepara-se, assim, para receber uma das batalhas mais aguardadas da temporada, num cenário inédito para o ciclismo mundial: um Mundial em solo africano, marcado por dureza e simbolismo histórico.