"Tenho de anotar os pontos possíveis" Jay Vine divide-se entre a camisola da montanha e o apoio a João Almeida

Ciclismo
terça-feira, 02 setembro 2025 a 13:03
Vine
Jay Vine voltou a colocar-se em destaque na Volta a Espanha 2025. O australiano venceu a 6ª etapa e conquistou a camisola da montanha, símbolo que já tinha levado para casa no ano passado. Mas a realidade da UAE Team Emirates - XRG é hoje bem mais complexa: além de lutar pela classificação dos trepadores, Vine tem também de desempenhar o papel para o qual estava escalado à partida de Turim, de gregário de luxo para João Almeida, que segue como líder da equipa na geral.
Na chegada a Valdezcaray, na 9ª etapa, o ciclista explicou como viveu o momento em que tentou apoiar Almeida num cenário marcado pela ausência de Juan Ayuso e Marc Soler. "Quando a fuga finalmente começou, eu sabia que a última subida ia ser um grupo de CG, e eu ia ajudar o Almeida o máximo que pudesse. O ritmo estava forte durante a entrada, e perdi o contacto com o comboio da Emirates na subida, pelo que tive de me esforçar para voltar à posição", escreveu Vine no Instagram.

A tentativa de limitar os danos

O australiano descreveu ao detalhe o momento decisivo da subida final. "Consegui chegar à frente do grupo quando virámos à esquerda, para poder ajudar o João. O ritmo estava acelerado e todos estavam a andar para trás. Eu estava em terceiro ou quarto lugar quando o Jonas atacou com o Ciccone na sua roda. Vi o ataque e tentei aproximar-me, e estava a cerca de um segundo antes de me aperceber que o João não estava lá e ele chamou-me para parar para que eu pudesse tentar recuperar o ritmo".
Vine assumiu então o papel de regulador da perseguição: "Tentei imprimir um ritmo forte, mas com o qual o João se sentisse confortável, e consegui reduzir a diferença para cerca de 12 segundos para o Jonas, e dividir o grupo para cerca de 6 ciclistas, mas com o Vingegaard em modo de ataque total, comecei a conseguir manter a diferença, e sabia que o João precisava de ir naquele momento. Fiz um ritmo o mais forte possível, na esperança de lhe dar a melhor hipótese de limitar a diferença e ir quando ele precisasse".
Será que Jay Vine consegue vencer a classificação da montanha na Vuelta pela segunda vez consecutiva? 
Será que Jay Vine consegue vencer a classificação da montanha na Vuelta pela segunda vez consecutiva? 

Entre a camisola da montanha e a classificação geral

A situação da equipa complicou-se ainda mais durante o dia de descanso, quando se confirmou a saída iminente de Ayuso. O espanhol admitiu ter sido apanhado de surpresa pelo anúncio e mostrou forte descontentamento com a direção da UAE, levantando dúvidas sobre a sua entrega ao trabalho para Almeida. Neste contexto, o papel de Vine poderá ganhar ainda maior relevo, tanto como escudeiro do português como na luta pela camisola da montanha.
O próprio ciclista deixou claro que está disposto a gerir os dois objetivos. "Estamos a reagrupar-nos e a ver o que podemos fazer nas duas últimas semanas. Tenho de anotar os possíveis pontos de montanha e a sua distribuição por etapa", comentou durante o dia de descanso. Apesar das responsabilidades acrescidas no apoio a Almeida, o australiano não quer abdicar da liderança na classificação dos trepadores.

Um equilíbrio difícil de gerir

O desafio, no entanto, está em conciliar funções. "Ainda há etapas que valem 30 pontos se as fizermos todas. Vai ser interessante ver como isso vai evoluir nas próximas duas semanas", concluiu Vine.
Com Almeida a lutar por um lugar no pódio e com Vingegaard a impor um ritmo demolidor na corrida, cada peça da UAE terá de ser usada no momento certo, priorizar uma classificação secundária, desgastando um ativo importante não é, de todo, a melhor estratégia.
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