"Terminar entre os dez primeiros" - Torstein Traeen define os objetivos para as próximas duas semanas

A segunda semana da Volta a Espanha 2025 arranca com uma surpresa ainda bem viva: Torstein Traeen continua de camisola vermelha, apesar das duas vitórias de Jonas Vingegaard e do estatuto de grande favorito do dinamarquês. No primeiro dia de descanso, o norueguês da Bahrain - Victorious fez um balanço da sua liderança, reconhecendo a dureza do desafio, mas também a importância do apoio que tem sentido dentro da equipa.

"O objetivo é, naturalmente, manter a camisola de líder por mais um dia, mas resta saber se isso vai realmente acontecer. Se não funcionar, é assim mesmo. Depois, vou concentrar-me numa boa classificação final: terminar entre os dez primeiros seria bom", afirmou Træen, mantendo os pés bem assentes na terra.

O ciclista de 30 anos sublinhou o papel crucial dos colegas, destacando em particular a experiência de Jack Haig. "Faltam 37 segundos. Quando se está na liderança, tem-se mais controlo sobre as coisas. Temos a sorte de ter um ciclista experiente como o Jack Haig na equipa: ele já esteve no pódio final, trabalhou com muitos outros bons ciclistas e sabe exatamente o que fazer".

Ao mesmo tempo, valorizou a oportunidade que os mais jovens estão a ter nesta Vuelta. "Ele está apenas a 70% da sua capacidade, mas continua a ser muito valioso. Também temos quatro estreantes connosco e é uma grande experiência para eles. Com Santiago Buitrago e Antonio Tiberi, também tenho dois ciclistas de classe mundial ao meu lado, pelo que estou muito grato".

O norueguês manteve a camisola vermelha na 9ª etapa, em Valdezcaray, mesmo com a demonstração de força de Vingegaard. "No final da subida estava a pensar que não ia ficar com a camisola vermelha, por isso estou obviamente muito contente por ter tido alguma ajuda e ter conseguido aguentar", reconheceu.

O ataque fulminante do dinamarquês deixou marcas. "Não estava à espera que [Jonas Vingegaard] fosse tão rápido. Ele foi muito rápido quando atacou, e depois foi só uma questão de sobreviver, basicamente". Mas Traeen acrescentou ainda um detalhe curioso: "A certa altura, fui ajudado por dois tipos da Visma. Por isso, pareceu-me que talvez eles não quisessem que o Jonas ficasse com a camisola".

A luta pela camisola vermelha ganha contornos ainda mais complicados pelo estado de saúde de alguns elementos-chave da Bahrain-Victorious. Jack Haig revelou dificuldades persistentes: "De volta às máscaras faciais e aos jantares a solo", escreveu no Instagram. "Desde a etapa 7, tenho lutado contra uma doença que está a durar mais tempo do que eu gostaria. Tenho tentado manter-me positivo e apoiar o Torstein. Não sei o que os próximos dias me vão trazer, mas espero que a minha saúde melhore".

Também Antonio Tiberi admitiu não estar no seu melhor, numa entrevista ao Bici.Pro: "Tive um pouco de náuseas, uma ligeira febre e fadiga. Mesmo assim, fiquei a grande altitude e talvez não devesse ter feito isso porque a recuperação em altitude é menos fácil. Isso também pode ter tido um papel importante".

No dia de descanso, o italiano continuava a ressentir-se: "Mesmo no dia de descanso, durante um passeio de bicicleta, não me sentia bem. Tive a sensação de que o meu corpo me estava a pedir para abrandar um pouco. Já não tenho de pensar na CG e em tudo o que lhe está associado. O stress diário de recuperar o máximo possível e prestar atenção a tudo na corrida desapareceu. Nesse aspeto, posso ter mais paz de espírito".

Apesar das dificuldades, Tiberi mantém-se esperançoso em encontrar energia extra para os dias decisivos. "Talvez possa ajudar-me a recuperar alguma energia até à última semana, que ainda está longe. O objetivo é voltar a sentir-me bem e obter bons resultados, para me poder dar ao luxo de fugir e ganhar uma etapa".