A seleção belga feminina vai alinhar no
Campeonato do Mundo de Estrada de 2025, em Kigali, sem a sua maior figura.
Lotte Kopecky, atual bicampeã mundial, decidiu não defender a camisola arco-íris conquistada em Glasgow (2023) e Zurique (2024). A possibilidade de alcançar um inédito terceiro título consecutivo não se concretizará, numa decisão que surge no final de uma época irregular, marcada por altos e baixos.
Depois de um início de temporada fulgurante, coroado com a vitória na Volta à Flandres, Kopecky viu o seu rendimento travado por problemas físicos. As lesões prejudicaram a sua campanha no Giro e também na Volta a França, comprometendo os objetivos traçados para o verão. O selecionador nacional, Ludwig Willems, explicou ao Sporza que a decisão pertenceu inteiramente à corredora. "Por vezes, é melhor perder uma coisa bonita do que nunca a ter tido", afirmou.
Um palmarés já histórico
Apesar da ausência, Willems fez questão de realçar os feitos recentes da campeã belga. "Penso que todos devemos estar gratos pelo que Lotte conseguiu nos últimos anos: 2ª em Wollongong, 1ª em Glasgow, 1ª em Zurique, 1ª no Campeonato Europeu de Contra-Relógio em Hasselt e 3ª nos Jogos de Paris".
Segundo o técnico, a prioridade absoluta é permitir a recuperação da corredora. "Temos de dar a Lotte muito tempo para recarregar, descontrair e resolver as coisas. Depois, estou convencido de que veremos uma versão melhorada de Lotte num futuro próximo".
Ainda assim, Willems não escondeu que a concorrência internacional é cada vez mais feroz: "O nível do ciclismo feminino deu saltos enormes. Mas a animada Kopecky pode aspirar ao melhor resultado".
O treinador recordou que os sinais de alerta já eram visíveis meses antes: "As dúvidas já tinham surgido no Giro e aumentaram ainda mais no Tour. Ela própria tomou a decisão de não participar. Não estava convencida de que estaria 100 por cento pronta".
Um coletivo belga sem a sua estrela
Sem Kopecky, a Bélgica será representada por Justine Ghekiere, Marthe Goossens, Marieke Meert, Julie Vandevelde e Margot Vanpachtenbeke. A escolha, contudo, apanhou as convocadas de surpresa. "A notícia também será um choque para esse grupo. Mas só me lembro dela no Europe Tour. Há cinco ciclistas ambiciosas na linha de partida que têm como objetivo o melhor. Eles podem fazer uma grande corrida, embora as suas hipóteses de medalha sejam obviamente menores sem Kopecky".
Willems frisou ainda que não houve qualquer tentativa de persuasão. "Tentámos convencê-la? Não, não queremos pressioná-la a participar. Tenho demasiado respeito pelo que ela conseguiu fazer para isso".
A prova de estrada feminina de elite em Kigali terá 11 voltas a um circuito exigente, num total de 164,6 quilómetros e 3350 metros de desnível acumulado. Um desafio duro, no qual a Bélgica tentará surpreender sem a sua líder natural.
Evenepoel comanda no setor masculino
No lado masculino, a Bélgica apresentará a sua maior estrela. Remco Evenepoel lidera o conjunto, acompanhado por Ilan Van Wilder, Victor Campenaerts, Tiesj Benoot, Florian Vermeersch, Xandro Meurisse, Quinten Hermans e Cian Uijtdebroeks. Com o percurso duríssimo de Kigali, a expectativa é que Evenepoel seja o principal rival de Tadej Pogacar na luta pela camisola arco-íris.