A 3ª etapa 3 da
Volta a Itália de 2025 era, à partida, uma excelente oportunidade para os ciclistas que gostam de fugas, mas a corrida acabou por seguir o guião previsível rumo a um sprint e mais uma vitória de
Mads Pedersen. O dinamarquês da Lidl-Trek, visivelmente a pedalar no limite, não foi verdadeiramente testado pelas equipas rivais, algo que levou o analista
Thijs Zonneveld a criticar a falta de ambição no último episódio do
podcast In De Waaier.“As equipas pensam sempre que a nossa oportunidade vai chegar”, começou por referir Zonneveld. “Mas no final de uma Grande Volta, quando se passaram três semanas e ainda não ganharam nada, a pressão aumenta. Aí temos aquelas etapas em que todos atacam durante três horas, mas já é tarde demais. O desgaste é tanto que só os mais fortes conseguem fazer a diferença.”
Zonneveld apontou que a 3ª etapa, com uma subida decisiva de 10,5 km a 7,4%, era ideal para testar os sprinters puros e abrir espaço a uma fuga vitoriosa. “Se uma equipa tivesse puxado a sério desde inicio, teria sido possível forçar a que se fizesse uma seleção de homens lá na frente. Mas quase ninguém se interessou em atacar”, lamentou.
Segundo o comentador, houve um momento em que Tom Pidcock forçou o ritmo perto do topo da subida e expôs a fragilidade de Pedersen, mas ninguém tirou partido do movimento. “Basta só ver quando o Pidcock passou a 80, 90 por cento a 800 metros do topo. O Pedersen caiu logo 30 posições, mas ninguém atacou.”
Zonneveld critica especialmente a abordagem da Astana, equipa sem ambições na geral e com liberdade para movimentações ofensivas. “Porque não meteram o Wout Poels a forçar na frente, com o Diego Ulissi na roda? Teriam eliminado o Pedersen e ficado com um grupo reduzido de 20 ou 30 homens. Em vez disso, optaram por mandar para a frente o Fortunato, que claramente está a pensar na camisola da montanha. Isso para mim, não faz sentido nenhum.”
O analista aponta o dedo à falta de iniciativa de várias formações que acabaram por somar resultados irrelevantes. “A Astana em 9.º e 12.º, Decathlon em 7.º, Bahrain em 5.º... Se esse é o plano, sprintar para um top-10, então é natural que ao fim de três semanas fiquem de mãos vazias. Depois queixam-se que as grandes equipas não deixam nada para eles. Mas, se não se tenta nada, nada acontece. Eu acho isso incompreensível.”