Thijs Zonneveld partilha a razão da desilusão da época de ciclocrosse: "O Campeonato do Mundo deveria ser o ponto alto do ano, mas já foi decapitado"

A época de ciclocrosse está bem encaminhada e este fim de semana assistimos ao regresso de Wout van Aert. Nos fins-de-semana seguintes, Tom Pidcock e Mathieu van der Poel também regressam à disciplina, mas argumenta-se que, como apenas van der Poel vai correr no Campeonato do Mundo, não haverá verdadeiramente um clímax como na época passada.

"Eternamente uma vergonha, é claro. O Campeonato do Mundo deveria ser o ponto alto do ano, mas já foi decapitado. Tom Pidcock e Wout van Aert não vão participar, será Mathieu van der Poel contra o comum dos mortais", escreveu Thijs Zonneveld numa coluna do AD. "Será que todos eles teriam corrido se o Campeonato do Mundo fosse já em janeiro, ou há algumas semanas? Compreendo que é estranho adaptar o calendário a três ciclistas. Mas o crosse beneficia da sua participação, de uma batalha entre Wout e Mathieu. Será assim tão mau adiar um pouco o Campeonato do Mundo? Ou serei o único a pensar que a hora mais bonita do inverno deve ser realmente a hora mais bonita do inverno?"

O ciclista holandês argumenta que os Campeonatos do Mundo poderiam ter lugar numa fase mais precoce da época, de modo a permitir que os maiores ciclistas cheguem, se preparem e, depois, tenham tempo suficiente para se concentrarem na época de estrada. Do outro lado do espetro, outros argumentam que a sua realização em dezembro poderia levar a que a época de ciclocrosse "acabasse" para muitos muito cedo e, assim, levar a um menor interesse geral na disciplina. Para já, não se prevêem alterações ao seu calendário nos próximos anos.

"É uma pena que não haja outra data para o Campeonato do Mundo de Ciclocrosse. Costumava ser uma boa ideia realizar este evento no final do inverno, algures em fevereiro. Nessa altura, todas as classificações tinham terminado e o clímax podia ser disputado pela camisola arco-íris mais uma vez", mas acredita que, com o novo estilo de ciclistas a liderar o pelotão, podem ser feitos ajustes para tornar a corrida mais apelativa. "Nos últimos anos, os grandes abandonaram a corrida, porque a época de estrada começa pouco depois. Eles precisam de treinar ou correr já".

Por último, comenta o calendário da Taça do Mundo e o debate que o tem rodeado. Mathieu van der Poel disse recentemente que as ameaças de David Lappartient são uma jogada de pânico e que não faz sentido limitar os ciclistas que querem correr os Mundiais. "É uma coisa e peras, este calendário no ciclocrosse. A UCI voltou a fazer asneira", concorda Zonneveld.

"Há tantas corridas de ciclocrosse e Taças do Mundo que é praticamente impossível participar em todas elas. Aqueles que fazem o seu melhor para participar em todas têm de viajar de um lado para o outro e quase não têm tempo para treinar e recuperar. O resultado: listas de participantes vazias, ciclistas que saltam corridas e classificações que não fazem sentido."