Tom Boonen avisa: "Trocar de bicicleta no Paris-Roubaix? É maior o risco do que o benefício"

Ciclismo
quinta-feira, 10 abril 2025 a 13:30
mathieuvanderpoel
A Paris-Roubaix é, por excelência, uma corrida de extremos — e não apenas por causa dos paralelos. O "Inferno do Norte" divide-se entre uma primeira metade em estradas planas e rápidas, com mais de duas horas onde reina a velocidade pura, e uma segunda metade que é um campo de batalha nos 30 setores de paralelo que definem a identidade brutal desta clássica.
Nessa transição, algumas equipas e ciclistas têm procurado explorar os limites do material. Há quem opte por iniciar a prova com bicicletas mais aerodinâmicas ou leves para poupar energia nos quilómetros iniciais e só depois trocar por modelos específicos para os paralelos. Mas, para Tom Boonen, esse tipo de abordagem é uma armadilha.
"Já vi isso acontecer 15 vezes em Roubaix e nunca ninguém beneficiou com isso", atira o tetracampeão da prova, numa conversa no podcast Wielerclub Wattage. "Todos os ciclistas que tentam fazer isso pensam que vão poupar energia nos primeiros 100 quilómetros com uma bicicleta mais rápida. Mas Roubaix não é uma corrida para poupanças."
Boonen admite que até viu Mathieu van der Poel recorrer a essa opção, mas alerta que o risco é superior ao benefício. "Não se quer trocar de bicicleta demasiado cedo, porque se quer beneficiar da bicicleta mais rápida durante o máximo de tempo possível. Mas também não queremos trocar demasiado tarde, porque assim nunca conseguiremos voltar à frente a tempo da primeira secção de paralelos. Tanto stress só para poupar 15 watts", sublinha.
E o belga fala da propriedade. Nos últimos anos, a tónica tem sido clara: o posicionamento antes da entrada em setores como o Trouée d’Arenberg é absolutamente decisivo. As equipas estão cada vez mais empenhadas em colocar ciclistas na fuga do dia, precisamente para terem uma carta jogável quando os paralelos começam — e, muitas vezes, isso transforma as primeiras duas horas da prova num autêntico festival de tensão e ataques.
"A corrida já vai a fundo muito antes da entrada nos paralelos. E se alguém troca de bicicleta nessa altura, fica totalmente exposto. Os rivais vão estar atentos quando Van der Poel fizer a troca de bicicleta. Vão manter a corrida em movimento e certificar-se de que ele sofre para regressar", conclui Boonen.
Roubaix não perdoa erros — e muito menos estratégias mal cronometradas. E, como nos ensina um dos seus maiores vencedores, nesta clássica, por vezes, o maior ganho está em manter as coisas simples.
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