Luke Rowe conhece como poucos os paralelos de Roubaix. Ao longo da sua carreira, o galês da INEOS Grenadiers foi peça fundamental nas Clássicas do Norte, especialmente no “Inferno do Norte”, onde sempre brilhou no trabalho de equipa e chegou a lutar ele próprio por bons resultados. Esta semana, em declarações ao Cyclingnews, Rowe partilhou a sua antevisão da edição de 2025 da Paris-Roubaix, onde os olhos do mundo estarão postos no duelo entre Mathieu van der Poel e Tadej Pogacar.
“Não há nenhuma razão para que o Pogi não possa ganhar esta corrida”, começou por dizer o galês. “Se ele está na linha de partida, é porque acredita que pode vencer.” O esloveno vem de uma atuação histórica na Volta à Flandres e entra como wildcard para aquele que é o único Monumento plano — e, por isso, com muitos pontos de interrogação à volta da sua performance.
Mas para Rowe, o grande favorito é outro. “Para mim, há um nome que está acima de todos os outros: Mathieu van der Poel. O Pogacar é um talento geracional, mas o Mathieu foi feito para o Paris-Roubaix — em tudo.”
Van der Poel é bicampeão da corrida e atual Campeão do Mundo, tanto em gravel e ciclocrosse. Já venceu esta primavera na Milan-Sanremo e na E3 Saxo Classic e apresenta-se num nível verdadeiramente dominante. “Ele tem todo um peque de características: técnica, resistência, leitura tática e uma capacidade de manuseamento da bicicleta que poucos no pelotão conseguem sequer igualar.”
Rowe relembra que Paris-Roubaix é uma clássica atípica e não deve ser colocada no mesmo patamar das restantes provas da primavera. “Costumamos agrupar todas as clássicas empedradas, mas Roubaix é um mundo à parte. Aqui não há subidas curtas e inclinadas — é puro plano e paralelos.”
Essa diferença de perfil, segundo o galês, faz com que a prova seja uma autêntica lotaria. “Na Volta à Flandres, os dez melhores acabam quase sempre no pódio. Em Roubaix, há sempre um forasteiro que brilha ou um dos favoritos que é traído pela corrida. Pode ser uma queda, um furo, um momento mal calculado... e isso até pode acontecer ao Pogacar.”
A imprevisibilidade é uma das marcas desta Monumento e, por isso mesmo, nem sempre os maiores nomes saem por cima. “É das poucas corridas onde os watts por quilo não decidem tudo. Aqui, sobrevive quem tiver inteligência, leitura de corrida e potência bruta.”
Luke Rowe estará no carro da Decathlon AG2R La Mondiale este domingo, agora num novo papel, fora da bicicleta. A equipa francesa parte sem grandes aspirações de pódio, mas tenta garantir presença no Top 10 com um alinhamento sólido.
“É mais difícil este ano. Tens Pogacar, Van der Poel, Pedersen e possivelmente Van Aert, todos num nível à parte, com equipas fortes a protegê-los. Será uma corrida muito dura e muito tática.”
Roubaix está à porta. E, como sempre, tudo pode acontecer — mas Rowe não tem dúvidas: “O favorito é o Mathieu.”