Transferências 2025-26 mergulham o ciclismo no caos: Lotto, Intermarché e Arkéa podem colocar centenas no desemprego

Ciclismo
sexta-feira, 03 outubro 2025 a 8:41
lotto intermarche
A janela de transferências do ciclismo profissional entrou em território inexplorado em 2025. Com a UCI a fixar 1 de outubro como prazo para a apresentação das garantias bancárias, pelo menos três grandes equipas atravessam momentos de incerteza absoluta. O resultado é um mercado paralisado, com ciclistas, agentes e staff sem respostas claras sobre o futuro.

Arkéa-B&B Hotels à beira do colapso

A situação mais crítica vive-se na Arkéa- B&B Hotels. Sem patrocinadores confirmados e já despromovida do World Tour, a estrutura de Emmanuel Hubert está em queda livre. O próprio gestor não escondeu o desespero ao jornal L’Équipe:
“No dia 1 de outubro, se eu não tiver nada, pára tudo.”
O cenário é dramático: caso a equipa desapareça, 20 ciclistas do World Tour ficam livres (seis já assinaram contratos com outras equipas e um retirou-se), além de 12 mulheres da equipa feminina (apenas uma com futuro assegurado) e outros 12 corredores da formação de desenvolvimento. A isto somam-se 95 elementos de staff que também correm o risco de ficar sem trabalho.

A novela da fusão Intermarché-Lotto

Outro dossiê que mantém o pelotão em suspenso é a anunciada fusão entre Intermarché-Wanty e Lotto. Desde julho, pouco se avançou publicamente, mas trabalha-se nos bastidores . O processo é complexo porque não envolve apenas as equipas masculinas World Tour, mas também:
  • a equipa de desenvolvimento Wanty-Nippo Re-Uz
  • a equipa de ciclocrosse Charles Liégeois
  • a equipa de desenvolvimento da Lotto
  • e a estrutura Continental feminina da Lotto
No total, o projeto conjunto englobaria 114 ciclistas e 156 colaboradores. Mas a UCI impõe um limite rígido: 30 corredores por equipa World Tour. Actualmente a Intermarché tem 18 ciclistas sob contrato e a Lotto 14 – já dois acima do limite. A solução passaria por indemnizações e rescisões, mas colocaria dezenas de atletas no mercado à última da hora.
Um agente de ciclismo ouvido pelo Cyclingnews descreveu o dilema. “Os ciclistas podem estar a inundar o mercado, talvez com dinheiro nos bolsos mas sem equipa onde correr. Isso coloca uma pressão enorme em todo o sistema.”

Um mercado em suspenso

O impacto destas incertezas sente-se em todo o pelotão. Há agentes a relatar um mercado distorcido e em espera, onde ninguém quer comprometer orçamentos antes de perceber o desfecho das duas grandes 'novelas' do momento. “Todas as equipas estão à espera de ver o que acontece. O mercado está inundado e no limbo”, descreveu outro empresário.
A consequência pode ser brutal: ciclistas habituados a salários de seis dígitos podem acabar empurrados para contratos pelo salário mínimo imposto pela UCI.
“Se esperarmos até ao último minuto, uma equipa pode ligar e dizer: ‘Temos lugar, mas não temos orçamento. Ele vem pelo salário mínimo?’. Mesmo que no ano passado tenha ganho 150.000 euros. É uma situação de cão-come-cão.”
Com tantas indefinições, a época de transferências de 2025-2026 já é vista como uma das mais caóticas da história recente e a entrada em vigor dos prazos oficiais da UCI pode acelerar ainda mais a turbulência nos próximos dias.
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