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Volta a Espanha 2025 voltou a ser forçada a ajustar-se à onda de protestos pró-palestinianos. A presença da equipa Israel - Premier Tech continua a provocar manifestações em várias etapas e, perante o risco de incidentes em Valladolid, a organização decidiu encurtar drasticamente o contrarrelógio individual.
Inicialmente previsto para 27,2 quilómetros, o percurso foi reduzido para apenas 12,2 quilómetros. Uma alteração de 15 quilómetros que muda por completo o impacto da etapa na classificação geral. Segundo os dados disponíveis, esta poderá ser a edição de uma grande volta com menos quilómetros de contrarrelógio na história recente do ciclismo.
Em comunicado, a organização justificou a decisão: "Com o objetivo de dar maior proteção ao desenvolvimento da etapa, a organização da Vuelta, em coordenação com a Câmara Municipal de Valladolid e após consulta do Colégio de Comissários, decidiu que a etapa de contrarrelógio de amanhã será disputada num percurso de 12,2 quilómetros, mantendo a partida e a chegada inicialmente previstas".
Consequências na luta pela camisola vermelha
Com apenas 12,2 quilómetros contra o cronómetro, as possibilidades de
João Almeida recuperar os 50 segundos que o separam de
Jonas Vingegaard tornam-se quase nulas. A expectativa é que as diferenças entre os favoritos sejam mínimas, deixando praticamente tudo em aberto para a 20ª etapa, na Bola del Mundo, caso esta também não seja alvo de alterações devido aos protestos.
João Almeida será um dos principais afetados por esta redução
A redução não afeta apenas a luta pela geral. Os contrarrelogistas puros, como Filippo Ganna, Stefan Kung ou Daan Hoole, também veem as suas hipóteses condicionadas. Num esforço mais longo, o desgaste poderia fazer a diferença, mas num percurso tão curto abre-se espaço para surpresas e para que ciclistas menos especializados possam disputar uma das últimas vitórias de etapa em jogo.
Incerteza até Madrid
Mais do que as consequências desportivas, o que paira sobre a corrida é a sensação de incerteza. A sucessão de protestos levanta dúvidas sobre a possibilidade de a Vuelta chegar ao final previsto em Madrid. Ainda assim, Javier Guillén, diretor da prova, tem insistido publicamente na intenção de levar a corrida até à capital espanhola.
Para já, o que era visto como uma etapa decisiva transformou-se numa versão abreviada, símbolo das dificuldades crescentes que a organização enfrenta para manter a integridade da corrida.