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Volta à Romandia Feminina deveria arrancar com uma cronoescalada, marcando o início de três dias de competição de alto nível. Porém, a corrida começou envolta em polémica, com seis equipas do WorldTour desclassificadas na véspera e com críticas públicas do diretor da
EF Education-Oatly,
Jonathan Vaughters, à forma como a UCI geriu a situação.
"Usar uma prova do WorldTour como campo de testes é errado",
escreveu Vaughters nas redes sociais, referindo-se à decisão da UCI de testar um novo sistema de localização GPS durante a corrida. "Além disso, uma vez que decidiram impor a vossa vontade, recusam-se a selecionar os ciclistas que vão ser vítimas e atiram essa decisão para as equipas? Não é correto. E depois desqualificar as equipas por não escolherem uma vítima?"
As formações Team Visma | Lease a Bike, AG Insurance-Soudal, EF Education-Oatly, Canyon//SRAM zondacrypto, Team Picnic PostNL e Lidl-Trek foram impedidas de alinhar, alegadamente por não cumprirem as exigências do mandato da UCI. Vaughters, no entanto, clarificou que a questão não era a recusa em usar o GPS, mas sim no facto de as equipas não indicarem qual a ciclista que deveria transportar o dispositivo, solicitando que fosse a própria UCI a fazê-lo.
O dispositivo de rastreamento faz parte de um projeto conjunto da UCI e da SafeR, criado em resposta a vários incidentes graves no ciclismo, incluindo a morte trágica da suíça Muriel Furrier no Campeonato do Mundo de Zurique de 2024, cuja localização foi demorada após um despiste em zona arborizada. O organismo pretende implementar este sistema já nos Mundiais de Estrada de 2025, em Kigali, onde todos os ciclistas serão obrigados a transportá-lo.
No caso da Romandia, foi determinado que cada equipa teria uma ciclista portadora de GPS, ficando também responsável pela instalação e por eventuais danos ou perdas do equipamento. As condições e o curto prazo geraram reservas logísticas e legais por parte das equipas, que alegam não ter existido acordo formal nem uma avaliação de risco adequada.
A UCI defende que se trata de um passo importante para a segurança dos ciclistas, mas a execução do plano gerou críticas quanto à falta de diálogo e à escolha de um evento do WorldTour para testes com impacto direto na integridade desportiva da prova.
Ainda não se sabe se as desclassificações serão mantidas, estando as negociações a decorrer nos bastidores. Porém, o arranque da corrida já ficou marcado pela ausência de alguns dos seus maiores nomes e por mais um episódio de tensão entre as equipas e o organismo que rege o ciclismo mundial.