Van der Poel de volta aos paralelos para reafirmar o seu estatuto: "Ele pode atacar muito cedo"

Ciclismo
sexta-feira, 28 março 2025 a 11:45
mathieuvanderpoel

Depois de uma vitória estrondosa na Milan-Sanremo, Mathieu van der Poel regressa hoje aos paralelos da E3 Saxo Bank Classic, pronto para retomar o domínio que demonstrou nas clássicas de 2023. Há um ano, o holandês protagonizou uma campanha de primavera histórica, vencendo não só a E3, mas também a Volta à Flandres e a Paris-Roubaix, numa sequência que ficou gravada como uma das mais impressionantes da era moderna.

Com a temporada de clássicas novamente em curso, a grande questão impõe-se: poderá Van der Poel repetir o feito?

Líder claro na Alpecin-Deceuninck

Xandro Meurisse, um dos ciclistas mais próximos do campeão do mundo na Alpecin-Deceuninck, deixou isso bem claro numa entrevista ao L'Équipe: "O Mathieu é o nosso plano A. Mas, em geral, temos uma equipa forte", sublinhou. A estrutura da equipa permanece flexível e polivalente, mas o foco está, inevitavelmente, no homem da camisola arco-íris.

Embora outros rivais estejam na equação — desde Wout van Aert, antigo vencedor da E3, até Tadej Pogacar, que está prestes a estrear-se na Paris-Roubaix — é o fator imprevisibilidade de Van der Poel que o torna verdadeiramente perigoso. "É claro que ele vai tentar ganhar, mas com ele nunca se sabe como: pode atacar muito cedo", brincou Meurisse. "Dada a forma que mostrou em Sanremo, pode ter mais um desempenho fora de série."

Sanremo confirmou um fenómeno

A exibição na Milan-Sanremo reforçou ainda mais a aura de Van der Poel. Ao lado de Pogacar e Filippo Ganna, desafiou os limites na Cipressa e no Poggio, antes de soltar um ataque irreprimível para vencer isolado na Via Roma. Foi mais do que uma vitória — foi uma afirmação da sua superioridade. "Ele não olha para quem está na partida. Concentra-se em si próprio. Já não tem nada a provar", afirmou Meurisse, referindo-se ao impressionante palmarés do holandês, que inclui todos os Monumentos com exceção da Liège-Bastogne-Liège.

Olhos postos em Pogacar

Apesar do foco estar em Van der Poel, é impossível ignorar a figura de Tadej Pogacar, cuja estreia na Paris-Roubaix está iminente. Os treinos do esloveno nos paralelos do Norte de França não passaram despercebidos. "Não foi só para testar o equipamento", comentou Meurisse. "Se fosse apenas por isso, mandavam alguém que vive perto. Mas mandaram o Pogacar, que mora no Mónaco. Isso diz tudo."

A ameaça do esloveno é real. Mesmo na Milan-Sanremo, corrida sem tradição para trepadores, Pogacar foi capaz de agitar a corrida na subida e obrigou Van der Poel a superar-se. "Foi uma loucura a forma como escalaram a Cipressa e o Poggio", disse Meurisse. "O Mathieu conseguiu acompanhar um dos melhores trepadores do mundo. Ele continua a surpreender-me, mesmo depois de tudo o que já ganhou."

Com serenidade, mas sem baixar a guarda

Segundo Meurisse, a vitória recente deu a Van der Poel uma sensação de paz — a confiança de quem sabe que já alcançou a glória, mas que continua faminto por mais. "A vitória em Sanremo trouxe-lhe calma. Mas o Pogacar continua a ser o melhor para já. O Mathieu já disse que precisa de estar a 110% para se manter na roda do Tadej."

Esse reconhecimento é revelador. Mostra o respeito mútuo entre dois dos maiores talentos da era moderna e a consciência de que, num dia bom, qualquer um pode vencer. Mas há uma diferença importante, como conclui Meurisse: "Andar nos paralelos para ganhar uma corrida de um dia é diferente de andar neles numa Grande Volta para não perder tempo."

E é nesse terreno, nos empedrados flamengos, que Mathieu van der Poel se sente verdadeiramente em casa. Hoje, na E3, vai procurar provar isso mais uma vez.

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