A temporada de 2026 ainda nem começou, mas o primeiro rumor de peso já está a agitar o pelotão. Patrick Evenepoel, pai de
Remco Evenepoel, disse que
Tadej Pogacar poderá surpreender tudo e todos e falhar a
Volta a França, optando por uma rara combinação Giro-Vuelta - uma opção que, a confirmar-se, alteraria profundamente o equilíbrio das Grandes Voltas do próximo ano.
“Quando vos ouço falar, parece-me uma corrida muito difícil. Mas têm a certeza de que o Pogacar vai ao Tour?”, questionou Patrick durante o programa belga On connaît nos classiques. “Vocês estão sempre a falar dele, mas eu acho que ele não vai fazer o Tour para o ano. Ele quer fazer o Giro e a Vuelta. Isso vem de dentro do pelotão.”
Rumores ou informação privilegiada?
As declarações geraram de imediato reação no meio ciclístico, mas há fortes razões para duvidar da tese. Pogacar já afirmou em várias entrevistas recentes que a Volta a França continua a ser o seu principal objetivo desportivo e contratual. Com a possibilidade de conquistar a quinta Camisola Amarela, o esloveno da UAE Team Emirates – XRG está sob pressão directa dos patrocinadores para estar presente em julho.
Além disso, o calendário de Pogacar parece já definido em torno das Clássicas canadianas e dos Campeonatos do Mundo, que em 2026 se realizam em Montreal. O percurso montanhoso favorece o esloveno, que persegue uma terceira Camisola Arco-Íris e esse alinhamento com as provas do Canadá reforça a ideia de uma temporada centrada no Tour.
A hipótese Giro-Vuelta, portanto, parece improvável. Ainda assim, o comentário de Patrick Evenepoel levanta a questão: de onde surgiu essa conversa dentro do pelotão?
Pai de Evenepoel evita polémicas, mas mantém a porta aberta
Patrick recusou alimentar comparações directas entre o filho e Pogacar, mas não escondeu a ambição para Remco Evenepoel, que se prepara para a primeira temporada ao serviço da Red Bull – BORA – hansgrohe.
“Não falamos muito de corridas neste momento. A época acabou e cabe a ele e à sua nova equipa fazerem o calendário de provas”, explicou. “As coisas podem mudar rapidamente. Basta uma doença ou uma pequena queda e tudo desaparece.”
Quanto ao Tour, Patrick admite que a presença do filho é possível, embora não confirmada. “Penso que é possível. E se ele correr a Volta a França, o objectivo será um grande resultado. Mas tanto Vingegaard como Pogacar também quererão a Camisola Amarela.”
Um Tour pouco favorável a Evenepoel
O percurso da Volta a França 2026, revelado em Paris, tem sido amplamente criticado pela falta de contrarrelógios planos. Com apenas 26 quilómetros de esforço individual e oito etapas de montanha - incluindo cinco finais em alto - o desenho favorece trepadores puros como Pogacar e Jonas Vingegaard, penalizando ciclistas como Evenepoel.
Ainda assim, o pai do campeão olímpico desvaloriza o tema. “Não se ganha um Tour no contrarrelógio. Ganha-se nas montanhas. Quer sejam 40, 50 ou 60 quilómetros, isso não muda muito. Na última semana, pode-se estar três minutos à frente e perder dez minutos numa etapa.”
Patrick insiste que o sucesso de Remco dependerá menos do percurso e mais da preparação física e mental. “Toda a gente sabe que ele é muito forte mentalmente. Na sua primeira Volta à Europa terminou no pódio. No ano passado não estava preparado, foi evidente. Mas com um bom inverno e sem azares, deixa-me tocar na madeira, ele pode chegar a 100% a França e lutar por um grande resultado.”
Giro e Vuelta: uma possibilidade remota, mas tentadora
Embora improvável, a hipótese de Pogacar tentar a dobradinha Giro-Vuelta não é totalmente descabida. O esloveno já admitiu que o desgaste mediático e a pressão constante da Volta a França podem levá-lo a alternar objectivos. A conquista do Giro em 2024 e o domínio exibido no início da temporada mostraram que Pogacar é capaz de vencer noutras Grandes Voltas com relativa facilidade.
Contudo, abdicar de uma quinta vitória na Volta, algo que o colocaria ao nível de Anquetil, Hinault, Merckx e Indurain, parece um passo difícil de justificar perante a Emirates e os patrocinadores da equipa.