O diretor da Decathlon AG2R La Mondiale,
Vincent Lavenu, mostrou-se entusiasmado com o traçado apresentado em Paris.
“É um percurso extremamente exigente para uma
Volta a França”, afirmou ao Cyclism’Actu. “A organização volta a demonstrar a sua capacidade de oferecer percursos duros e espetaculares, que beneficiam o espetáculo.”
Lavenu destacou em particular a penúltima etapa, uma autêntica maratona alpina com passagem pelo Col de la Croix de Fer, Col du Télégraphe, Col du Galibier e Col de Sarenne, antes da chegada final no Alpe d’Huez, pelo segunda vez na prova.
“Vi 5.600 metros de desnível positivo acumulado na segunda chegada ao Alpe d’Huez. É um recorde absoluto. A corrida vai decidir-se ali e qualquer ciclista pode explodir nesse dia”, previu.
Pogacar continua a referência - mas há espaço para surpresas
O chefe da Decathlon reconhece que, apesar da imponência do percurso, a hierarquia do pelotão mantém-se clara. “Nada é certo. Sabemos que Pogacar perdeu duas edições para Vingegaard, mas no ano passado dominou. Acredito que Vingegaard e talvez um terceiro ciclista o possam desafiar, mas o esloveno continua a ser o favorito natural”, avaliou Lavenu.
Ainda assim, o francês vê nesta configuração montanhosa uma oportunidade para as equipas outsiders apostarem em estratégias alternativas e etapas de transição. “É um percurso que abre espaço à criatividade e recompensa quem arrisca.”
Paul Seixas, a joia do ciclismo francês
No seio da
Decathlon AG2R La Mondiale Team, Lavenu sabe que dispõe de uma arma secreta. Ao lado de Félix Gall, quinto classificado na Volta a França e na Volta a Espanha de 2025, surge o nome que mais entusiasmo desperta em França:
Paul Seixas.
O jovem foi uma das revelações do ano, terminando várias corridas lado a lado com Tadej Pogacar. Para Lavenu, o potencial é simplesmente histórico.
“Conheço o Paul desde as categorias de base. Fui eu quem o incentivou a juntar-se à nossa estrutura júnior. Ele era uma exceção. Desde Hinault que não víamos um ciclista deste calibre em França. Penso que todo o futuro lhe pertence. Espero que venha a ser o vencedor da Volta a França que o país espera há mais de 30 anos”, afirmou o diretor.
O dilema: Volta a França já em 2026?
Apesar do talento, os especialistas dividem-se quanto à melhor gestão para o crecimento de Seixas. Muitos defendem que o jovem deve adiar a sua estreia no Tour, optando antes por uma primeira experiência como líder numa outra Grande Volta, como a Volta a Itália ou a Volta a Espanha.
Lavenu, contudo, recusa impor decisões. “A escolha cabe-lhe a ele. O Paul é um rapaz especial e extraordinário. Se ele sentir que está pronto, estaremos ao lado dele. Se não se sentir apto, não deverá forçar as coisas. O importante é acompanhá-lo pelo caminho certo.”