O quatro vezes vencedor da Paris-Roubaix critica Pogacar, Van der Poel e Evenepoel, defendendo que nenhum ciclista atual se aproxima da grandeza de
Eddy Merckx.
Roger De Vlaeminck voltou a não deixar ninguém indiferente. Aos 78 anos, o lendário ciclista belga lançou duras críticas às estrelas da geração atual, afirmando que
Tadej Pogacar está a ser “fortemente sobrevalorizado” e que nenhum ciclista moderno se aproxima de Eddy Merckx.
Em entrevista ao Het Laatste Nieuws, De Vlaeminck, conhecido tanto pela sua franqueza como pelos seus feitos sobre o empedrado, rejeitou categoricamente qualquer tipo de comparação entre Pogacar e o “Canibal”.
“É um disparate! O Pogacar nem sequer serve para calçar os sapatos ao Merckx”, atirou. “Se eu hoje tivesse 22 anos e estivesse no pelotão com ele, ele não me deixaria para trás.”
“Merckx é intocável”
Para De Vlaeminck, Eddy Merckx continua a ser o padrão absoluto de excelência no ciclismo. E qualquer tentativa de o equiparar a nomes modernos é, nas suas palavras, “ridícula”.
“Merckx é a referência máxima. Quem o questionar, não sabe do que está a falar.”
As suas palavras reforçam o culto quase religioso que o ciclismo belga mantém em torno do cinco vezes vencedor da Volta a França – um respeito que De Vlaeminck, eterno rival e compatriota, nunca escondeu, apesar de ter travado grandes batalhas com ele nas décadas de 1970.
Van der Poel e Pogacar lutam ao sprint por uma vitória
Van der Poel também não escapou: “Não é contrarrelogista, não sabe subir, não sabe sprintar”
Nem mesmo
Mathieu van der Poel, atual campeão mundial e vencedor das Clássicas mais emblemáticas, escapou ao olhar crítico de De Vlaeminck.
“É um grande ciclista, claro”, reconheceu. “Mas não é um contrarrelogista, não sabe subir, não sabe sprintar. Não há muito mais a fazer com isso.”
A análise, típica do estilo direto do belga, mistura ironia com uma certa nostalgia dos tempos em que os campeões se destacavam pela sua versatilidade absoluta. De Vlaeminck, que venceu Paris-Roubaix por quatro vezes e conquistou monumentos em todos os terrenos, vê na especialização moderna um sinal de empobrecimento do ciclismo atual.
Evenepoel? “Excelente, mas arrogante”
De Vlaeminck reservou ainda espaço para
Remco Evenepoel, o mais jovem dos campeões belgas contemporâneos, que também não escapou à crítica.
“É um excelente ciclista, um excelente contrarrelogista”, admitiu, antes de disparar: “Mas por vezes, acho-o um pouco arrogante. Levantar a bicicleta ao ar depois da linha de chegada. É mesmo necessário fazer isso? Basta cruzar a linha e ganhar.”
A observação reflete uma linha comum nas opiniões de De Vlaeminck: uma aversão ao espetáculo e à ostentação no desporto moderno, contrastando com o período mais austero da sua geração.