Vincenzo Nibali já não ilumina as montanhas com os seus ataques fulgurantes, mas continua atento e com uma leitura apurada da corrida que o imortalizou. Em vésperas de mais uma edição da
Volta a Itália, o “Tubarão de Messina” partilhou ao Bici.pro uma análise cuidada ao percurso, ao elenco de candidatos e às potenciais surpresas da prova que arranca na Albânia.
Para o bicampeão da Corsa Rosa, a dureza da edição de 2025 está longe de estar concentrada apenas na última semana. “Há etapas com armadilhas escondidas”, alertou. “O Giro nunca é fácil e, nesta edição, a última semana é duríssima”, salientou Nibali, com especial atenção ao regresso do Colle delle Finestre.
Sem Pogacar, Vingegaard e Evenepoel na linha de partida, o favoritismo recai sobre
Primoz Roglic, embora Nibali veja uma dinâmica táctica que pode animar a luta pela Maglia Rosa. "O Roglic tem muita experiência e isso pode ajudá-lo, mas é um corredor que corre mais na defensiva. Já o Ayuso é o oposto. Ayuso ataca, Roglic defende. Pode ser uma corrida muito interessante".
Mas o italiano não se fica pelos nomes óbvios. “Não subestimaria o Del Toro nem o Yates. O Tiberi preparou este Giro com minúcia, reconheceu etapas no início do ano e está determinado. O Ciccone chega com excelentes pernas. Vamos ver se aposta na geral ou se opta por caçar etapas",
Os novos sprints Red Bull KM
Uma das grandes novidades desta edição é a introdução do Red Bull KM, um sprint intermédio com bonificações de tempo para a geral. Teoricamente desenhado para animar as fugas, poderá também ser aproveitado pelos favoritos à vitória final - dependendo da sua colocação nas etapas.
Nibali não esconde o ceticismo. “Espero que não tenha impacto”, diz. "Já dei uma entrevista a alertar para o perigo dos sprints bonificados. Os sprinters já travaram muitas corridas no passado, e espero que isso não volte a acontecer".
O ex-ciclista da Astana recorda um exemplo paradigmático. "Seria pior se os segundos atribuídos fossem ainda mais generosos. Lembro-me bem do Joaquim Rodríguez, que perdeu o Giro de 2012 precisamente por causa dos segundos de bonificação".