À entrada de uma das fases mais decisivas da primavera, a Team Visma | Lease a Bike prepara-se para o embate na E3 Saxo Bank Classic com os olhos postos no desempenho coletivo — e com os pés bem assentes na terra. O diretor desportivo Grischa Niermann falou ao Wielerflits sobre o momento da equipa, os seus principais trunfos e o contexto atual, dominado por Tadej Pogacar e Mathieu van der Poel.
Wout van Aert e Matteo Jorgenson lideram o bloco para esta sexta-feira, naquela que será a primeira grande prova de fogo da primavera para a equipa. Apesar de não partirem como favoritos, Niermann acredita que a Visma está em condições de disputar a corrida. “Sabemos que os nossos homens estão em boa forma e partimos do princípio de que estão prontos para competir com os melhores”, afirmou o técnico alemão, referindo-se à elite que brilhou recentemente na Milan-Sanremo, com Pogacar, Van der Poel e Ganna a dominarem a prova.
A Visma apostou em Olav Kooij para o sprint em Sanremo, mas o ataque na Cipressa desfez os planos e isolou os três homens mais fortes. Niermann não escondeu a admiração: “Foi uma exibição impressionante. ‘Chapeau’ para eles. Mas não foi inesperado. Sabemos que Pogacar e Van der Poel são os principais favoritos — e nós, neste momento, não somos. E está tudo bem com isso.”
Entre os nomes fortes da formação está Matteo Jorgenson, recém-vencedor do Paris-Nice. Niermann destaca a evolução do americano: “Está numa posição excelente. Venceu o Paris-Nice pelo segundo ano consecutivo, mas agora é mais maduro, mais forte e — esperamos — mais experiente.”
Quanto a Wout van Aert, chega à E3 depois de um bloco de treinos em altitude. Apesar de não ter competido recentemente, a equipa acredita que o belga pode estar ao nível necessário. “Fez tudo o que planeámos. Está numa boa posição. Mas sabemos um pouco menos sobre o seu estado comparado com o Matteo, porque ainda não o vimos medir forças com a concorrência. Não se ganha uma clássica só com bons números nos treinos.”
O arranque de época discreto de Van Aert levantou dúvidas. O próprio Niermann reconhece que o belga gostaria de ter começado com mais impacto: “Claro que ele preferia ter vencido. Mas sabíamos que ainda não estava no auge. Agora, o que interessa é que esteja na melhor forma nas próximas duas semanas e meia.”
Apesar de muitos considerarem a E3 como um ensaio para a Volta à Flandres e Paris-Roubaix, a Visma encara-a como um objetivo por si só. “Temos quatro ciclistas muito fortes para estas corridas. Queremos ganhar como bloco. Não importa quem vence, desde que seja um dos nossos.”
A abordagem passa por marcar presença na final, com números: “Queremos estar na decisão com vários homens. É assim que a Visma corre. E veremos na meta que tipo de resultado isso traz.”
Para Niermann, esta sexta-feira não será definitiva, mas será esclarecedora: “A E3 é uma corrida ideal para perceber quem está em boa forma. Mas não é por não subirmos ao pódio aqui que deixamos de ser candidatos na Flandres.”
Van Aert já venceu duas vezes a E3, mas nunca conquistou a Flandres na semana seguinte. A equipa quer inverter essa tendência, mas sem precipitações. “O que queremos é estar lá, com força coletiva. E isso já será um bom sinal para o que aí vem.”