Enquanto o mundo do ciclismo se rendia ao duelo épico entre Mathieu van der Poel, Tadej Pogacar e Filippo Ganna na Milan-Sanremo 2025, um nome de peso esteve notoriamente ausente da linha de partida: Wout van Aert.
O belga, vencedor da Clássica italiana em 2020, optou por não alinhar na primeira Monumento da temporada, uma decisão que gerou críticas — especialmente à luz do confronto de alto nível que se desenrolou sem ele.
Com o foco totalmente apontado para a campanha das Clássicas da primavera, Van Aert regressa hoje à competição na E3 Saxo Bank Classic, prova onde já venceu por duas vezes e que serve tradicionalmente de antevisão para a Volta à Flandres. Esta será a sua primeira grande aparição da época nas pedras, num calendário em que o belga tentará, mais uma vez, conquistar a Flandres e Paris-Roubaix — ambos com Van der Poel e Pogacar como adversários diretos.
A ausência do líder da Team Visma | Lease a Bike em Sanremo não passou despercebida a Michele Bartoli, antigo vencedor de Monumentos e uma voz respeitada no pelotão internacional.
“Tirando o Filippo Ganna, Wout van Aert é o único que ainda pode ganhar esta corrida”, declarou Bartoli à Gazzetta dello Sport, referindo-se à capacidade do belga para contrariar o domínio atual de Van der Poel e Pogacar.
Ainda assim, o italiano levantou dúvidas sobre a abordagem competitiva de Van Aert:
“Quando se espera algo dele, muitas vezes não cumpre. Também me pergunto por que motivo não correu a Milan-Sanremo. Ele diz que está a treinar, mas é preciso comparar-se com os outros. Só treinar não chega — também é preciso competir.”
As palavras de Bartoli tocam num ponto sensível da narrativa recente que envolve Van Aert: um palmarés de enorme qualidade, mas por vezes ofuscado por ausências nos momentos-chave ou estratégias que levantam interrogações. Com Van der Poel a somar mais Monumentos e Pogacar a desafiar os limites em qualquer terreno, a pressão sobre o belga continua a crescer.
Se por um lado Van Aert esteve ausente, Filippo Ganna brilhou com um impressionante segundo lugar em Sanremo, o que lhe valeu os elogios de Bartoli — que o considera um sério candidato à vitória no Paris-Roubaix.
“Está em excelente forma. Mas Van der Poel e, especialmente, Pogacar continuam a ser os grandes favoritos. Se o Tadej alinhar, é sempre o homem a bater”, afirmou.
Mesmo numa corrida que nunca disputou, o nome de Pogacar já paira como favorito absoluto. O esloveno não só voltou a marcar a corrida na Cipressa, como estabeleceu, com Ganna, um novo recorde de subida, antes de ser superado por Van der Poel no Poggio. Mais uma prova da sua capacidade de transformar o que é possível em corridas de um dia.