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Campeonato do Mundo de Estrada do ano passado, em Zurique, foi um ponto de viragem para a seleção feminina holandesa. Esse evento, juntamente com os Jogos Olímpicos de Tóquio, marcou o que muitos consideram ser o "pior momento" da história da equipa holandesa.
Em Zurique,
Demi Vollering, uma das estrelas da equipa, correu praticamente sozinha, sem o apoio esperado das suas colegas de equipa. Este episódio gerou tensões internas que, embora estejam a tentar ser ultrapassadas, ainda não foram esquecidas no seio da equipa.
Desde então, o panorama mudou. Loes Gunnewijk, o treinador que dirigiu a seleção nacional durante esse período difícil, foi substituído por Laurens ten Dam, que,
segundo o jornalista e analista Thijs Zonneveld, fez progressos significativos na melhoria do desempenho da equipa. No entanto, Zonneveld admite que nem tudo foi positivo e que a união do grupo ainda está longe de ser perfeita.
Anna van der Breggen e Demi Vollering, as duas grandes chefes de equipa, não são exatamente as melhores amigas e esta relação distante pode ser um obstáculo no caminho para a glória mundial. Segundo Zonneveld, as duas ciclistas "vivem um pouco sozinhas".
Embora as tensões não afectem abertamente o desempenho da equipa, a concorrência interna continua a ser um fator essencial. Ambas têm o mesmo objetivo: tornarem-se campeãs do mundo. E, no processo, a frustração será inevitável para aquelas que não conseguirem atingir o objetivo.
Zonneveld sublinha que, embora as melhorias sob a direção de Laurens ten Dam sejam evidentes, as ciclistas não conseguiram estabelecer uma relação próxima fora das competições. Apesar de haver sessões de trabalho e de terem falado sobre as suas diferenças, as ciclistas não se procuram fora de competição para resolverem as suas diferenças e reforçarem os seus laços.
"Não as vemos a tomar uma cerveja juntas ou a tentar resolver as suas diferenças", diz o analista, acrescentando que este afastamento não é exclusivo deste ciclo, mas que também se verificou entre as grandes estrelas do ciclismo feminino holandês do passado, como Anna van der Breggen e Annemiek van Vleuten.
Demi Vollering é a grande estrela holandesa da atualidade
Uma equipa forte, mas com lacunas estratégicas
A equipa holandesa continua a ser considerada uma das mais fortes do pelotão internacional, mas Zonneveld salienta que existem pontos fracos que podem comprometer as suas hipóteses de sucesso. Uma das principais deficiências da equipa é a falta de uma sprinter fiável.
Embora Vollering seja rápida, o seu desempenho no sprint tem sido inconsistente e, recentemente, perdeu vários finais. Isto representa um grande desafio em competições de alto nível, onde o sprint pode ser um fator decisivo. "Se encontrarmos uma ciclista como Le Court numa chegada ao sprint, não podemos deixar tudo para o sprint", explica Zonneveld.
A ausência de uma corredora como Marianne Vos, que poderia fazer a diferença neste tipo de situação, é outro fator crítico para a Holanda. "Com Vos na equipa, o cenário teria sido muito diferente. Mas agora não a têm e isso muda a estratégia".