Elia Viviani voltou aos triunfos e, com isso, reabriu oficialmente a contagem para a centésima vitória da sua carreira. O experiente sprinter italiano, agora ao serviço da
Lotto, impôs-se na etapa 7 da
Volta à Turquia e alcançou a 90.ª vitória profissional, encerrando um jejum de 18 meses.
O triunfo surgiu numa chegada desorganizada, típica das provas mais caóticas do calendário. “Foi um final caótico porque o comboio de Greipel caiu na última curva, um tipo atacou e eu segui-o”, contou Viviani ao Cycling News. A sua experiência e leitura de corrida fizeram a diferença.
Este sucesso adquire contornos ainda mais especiais considerando o seu inverno difícil, sem equipa após o fim da ligação à INEOS Grenadiers. “Ficar sem equipa foi estranho para mim. Sempre disse que queria correr mais um ano, talvez dois se ainda me sentisse competitivo. Hoje provei que sim”, confessou. “Agradeço à Lotto e ao Stéphane Heulot por acreditarem em mim. Só tinha provas de um dia no programa e pedi-lhes uma corrida por etapas para ganhar ritmo.”
A Volta à Turquia revelou-se o cenário ideal. “Tenho um carinho especial por esta corrida. A organização é boa, os ciclistas são bem tratados e os locais são sempre bonitos, perto do mar. Gosto de estar aqui.”
Apesar das especulações sobre um eventual futuro como treinador, Viviani recusa pendurar a bicicleta para já. “Se tivesse algo fechado nesse sentido, não me veriam aqui. Continuo a gostar de acordar, treinar, cumprir com os sacrifícios de um ciclista profissional. Sei que o corpo já não responde como aos 20 anos, mas adoro esta vida.”
A sua chegada à Lotto teve também uma dimensão de liderança. Numa equipa com muitos jovens talentos, Viviani assume-se como referência e mentor, criticando a tendência para apressar os percursos de desenvolvimento no pelotão moderno.
“Há ciclistas que saltam diretamente para o World Tour como líderes e vencedores, mas nem todos são Pogacar ou Evenepoel. A maioria precisa de crescer, passo a passo. Hoje queimam-se etapas. Eu estou aqui também para mostrar isso: é preciso saber perder e aprender em corridas pequenas antes de se pensar nas grandes vitórias.”
Viviani, que venceu etapas nas três Grandes Voltas e foi campeão olímpico em pista, deixou claro que continua motivado, tanto para ganhar como para formar. A estrada até às 100 vitórias pode ser difícil, mas não será trilhada em silêncio. O veterano ainda tem pedalada para deixar marca.