Após 21 edições de sucesso, a
Volta à Noruega corre o risco de ser cancelada em 2026 devido à decisão do Governo norueguês de cortar os subsídios para eventos internacionais de ciclismo. O anúncio foi feito por Roy Hegreberg, diretor da prova, que alertou que sem a contribuição de 10 milhões de coroas (cerca de 856.000 euros), o evento não será financeiramente viável.
"Se não reverterem a decisão, é provável que tenhamos de cancelar o evento. Precisaríamos de novas fontes de rendimento a um nível que nunca vimos nos últimos dez anos", afirmou Hegreberg em declarações à
TV 2.
O subsídio público, que representa cerca de metade do financiamento da corrida, foi um pilar crucial para a continuidade da Volta à Noruega, mas o governo norueguês propôs a supressão do regime de subvenções específicas para as provas de ciclismo, alegando que os eventos desportivos devem ser tratados de forma igual, sem privilégios para o ciclismo.
O impacto para o ciclismo norueguês
A decisão do Governo gerou uma onda de preocupações dentro da comunidade do ciclismo norueguês, com
Alexander Kristoff, lenda do ciclismo e embaixador do evento, a expressar sua preocupação.
“Este não é um evento que dê lucro, apenas se equilibra, por isso torna-se impossível se não conseguirmos esses milhões", explicou Kristoff, que tem 11 vitórias em etapas na história da Volta à Noruega. “Seria um grande revés para o ciclismo norueguês não o poder realizar. Espero que os políticos reconsiderem."
Para Hegreberg, é impossível realizar o evento sem esse apoio financeiro, considerando os custos crescentes com alojamento, polícia e logística.
“É completamente irrealista organizar a corrida em 2026 sem esses milhões”, disse Hegreberg, destacando que outros esportes têm apoio governamental para infraestruturas fixas, o que não é o caso do ciclismo, que depende de subsídios para a realização de eventos internacionais.
Alexander Kristoff vence na Volta à Noruega em 2019
O Governo defende o corte de subsídios
A posição do Ministério da Cultura e da Igualdade, liderado por Lubna Jaffery, é clara: não é desejável manter um regime de apoio específico para o ciclismo a longo prazo. O ministério argumenta que os eventos desportivos devem ser tratados de forma equitativa.
“As manifestações desportivas na Noruega devem, na medida do possível, ser tratadas de forma igual. Por conseguinte, propõe-se a supressão do regime especial de subvenções para as provas internacionais de ciclismo na Noruega.”
A resposta de Hegreberg foi forte. Ele sublinhou que o ciclismo de estrada não tem infraestruturas financiadas pelo estado como outros esportes, e que o ciclismo de alto nível depende essencialmente de apoio público.
"Eles não compreendem bem as necessidades do ciclismo", afirmou Hegreberg, destacando que o esporte enfrenta um desafio adicional devido à falta de infraestruturas fixas, como velódromos ou estádios financiados.
A Volta à Noruega como pilar do ciclismo internacional
A Volta à Noruega consolidou-se como uma das principais provas internacionais de ciclismo nos últimos anos, atraindo grandes nomes do pelotão e oferecendo um terreno exigente para os ciclistas, com subidas duras e finais rápidos. A competição também se destaca pela sua organização exemplar e pela importância no calendário internacional, especialmente no início da temporada de ciclismo de estrada.
Matthew Brennan venceu a edição de 2025, e Remco Evenepoel foi o vencedor em 2022, mostrando a qualidade da prova que, sem o apoio do governo, corre o risco de desaparecer em 2026.