"Estávamos os dois a tremer em cima das bicicletas de tanto frio" - Toon Aerts recorda duelo épico com Mathieu van der Poel

Ciclocrosse
quarta-feira, 10 dezembro 2025 a 6:00
Collage_MathieuvanderPoelToonAerts
Na época 2019-2020, Mathieu van der Poel cumpriu um calendário completo de ciclocrosse de início de novembro até fevereiro, vencendo todas as provas menos uma, ganha por Toon Aerts. O atual campeão da Europa recorda, no entanto, outra corrida, pouco depois, em que travou um duelo memorável com o agora sete vezes campeão do mundo, na Taça do Mundo de Namur que os corredores voltarão a disputar já no próximo domingo.
Foi o último ano em que o neerlandês fez uma época completa e, a 14 de fevereiro de 2020, teve um dia difícil no Ronse Hotondcross, onde foi terceiro, a única derrota em cerca de duas dezenas de corridas nesse inverno. Uma semana depois, alinhou na Taça do Mundo de Namur, um dos percursos mais exigentes da temporada, com muita subida e descida, e temperaturas de 5 graus. Toon Aerts, vencedor em Ronse, chegou a Namur confiante de que podia repetir o que mais ninguém conseguira.
“Em parte porque já tinha batido o Mathieu algumas semanas antes no Hotond, em Ronse. Mas também porque sabia que estaria ainda melhor em Namur”, partilhou Aerts com Wielerflits. “Em parte pelo traçado, mas a minha colocação no calendário também pesa. Muitas vezes regressas de estágios em Espanha para essa corrida de ciclocrosse, onde treinaste muito tempo a um ritmo estável e a construir base. Não precisas propriamente de ser explosivo ou rápido aí, mas só com a base costumas sobressair”.
mathieuvanderpoel
Será que Van der Poel vai conquistar o seu oitavo título recorde este inverno? @Imago
Foi uma corrida de desgaste, com van der Poel a sofrer problemas mecânicos e Aerts algumas quedas, trocando golpes em voltas alternadas. Mas na última volta houve anticlímax: Aerts caiu numa descida enlameada, fraturou algumas costelas e perdeu de imediato um tempo impossível de recuperar.
“Claro que cometes parcialmente esse erro porque o Mathieu anda incrivelmente rápido, mas continuo a achar que essa última queda resultou sobretudo de eu estar com hipotermia severa na bicicleta e a perder o controlo”, admite. “Aliás, viu-se o mesmo com o Mathieu. Estávamos os dois a tremer nas bicicletas de tanto frio. Já não corríamos um contra o outro, mas contra nós próprios. Tentávamos manter-nos acordados e concentrados”.
O então campeão belga assinou uma das prestações da carreira frente a van der Poel, que vestia o arco-íris, e foi mais uma prova de que os traçados ondulados são a sua especialidade. “Devia mesmo ter vencido, sobretudo porque o Mathieu teve azar e furos. Mas não devia ter provocado aquelas quedas”, lamenta. Ainda assim, foi uma corrida memorável, que continua a ser evocada hoje.
Este domingo, van der Poel inicia a temporada de cross em Namur e Aerts tem presença certa e estatuto de principal favorito. Poderemos assistir a uma repetição de 2019?
“Mesmo não tendo vencido, ficou na memória de muita gente. Até colegas que eram ainda juniores na altura às vezes dizem-me o quão fantástica acharam aquela corrida. Foi também um período muito bom para mim, que recordo com carinho. Claro que estava no meu melhor, mas competir com Mathieu van der Poel não tem sido possível para muitos desde então”, concluiu.
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