Inge van der Heijden viveu em Middelkerke o momento mais brilhante da sua carreira. A neerlandesa de 26 anos protagonizou uma exibição irrepreensível para conquistar o
Campeonato da Europa de Ciclocrosse, vencendo a favorita
Lucinda Brand e estendendo para oito anos consecutivos o domínio da Holanda na elite feminina.
Desde a primeira subida, Van der Heijden impôs um ritmo demolidor e nunca mais olhou para trás.
“Sabia que era muito importante fazer um bom arranque”, explicou após a prova. “Logo a seguir a uma subida íngreme, fui com tudo para a primeira curva, cheguei primeiro ao topo e depois entrei no meu próprio ritmo. Foi muito difícil abrir essa diferença na primeira volta. Não esperava conseguir mantê-la até ao fim, mas estou muito feliz por o ter conseguido.”
A campeã manteve-se sólida na areia e segura nas descidas técnicas, resistindo à perseguição de Brand,
Sara Casasola e
Aniek van Alphen, que travaram a luta pela prata. Cada volta reforçava o controlo da neerlandesa, cuja consistência e calma sob pressão tornaram o desfecho inevitável.
Quando cruzou a meta de braços erguidos, o seu rosto misturava emoção e incredulidade, a imagem perfeita da sua consagração.
“Significa muito para mim”
Van der Heijden, natural de Schaijk, revelou o peso simbólico deste triunfo.
“Espero poder continuar assim”, sorriu. “As primeiras corridas da época foram boas, e as mais recentes também, mas falhei o pódio algumas vezes. Sabia que este percurso, com a areia, me ia agradar, mas ainda não consigo acreditar que sou a campeã europeia. É muito importante para mim.”
Antiga campeã mundial sub-23, Van der Heijden junta o ouro europeu à sua crescente coleção de títulos e torna-se a mais recente sucessora de uma dinastia holandesa que inclui Brand, Fem van Empel e Ceylin del Carmen Alvarado.
“Já ganhei um título mundial na categoria de sub-23, mas este ano o meu objetivo era subir ao pódio no Campeonato da Europa ou no Campeonato do Mundo”, acrescentou. “Agora tenho a camisola. Estou muito feliz.”
A confirmação de uma maturidade desportiva
Mais do que uma vitória, Middelkerke representou a afirmação definitiva de Van der Heijden no escalão máximo. Após anos a oscilar entre promessas e resultados consistentes, a neerlandesa encontrou a confiança e a forma para converter o potencial em ouro.
Num pelotão dominado por compatriotas, a sua vitória oferece uma nova narrativa ao domínio neerlandês: a da paciência recompensada. Van der Heijden não só confirmou o poder da Holanda na modalidade, como mostrou que há espaço para novas protagonistas, mesmo num país repleto de campeãs.