A holandesa dominou de princípio ao fim nas areias belgas, conquistando o seu primeiro grande título internacional e prolongou a hegemonia neerlandesa para oito vitórias consecutivas.
O
Campeonato da Europa de Ciclocrosse em Middelkerke dava como certa a coroação de
Lucinda Brand, mas foi
Inge van der Heijden quem brilhou intensamente. A neerlandesa de 25 anos realizou a melhor exibição da sua carreira e venceu de forma magistral a prova de Elite Feminina, num percurso duro e técnico junto ao mar do Norte.
Com uma corrida irrepreensível, Van der Heijden liderou do início ao fim, garantindo não apenas o ouro, mas também o oitavo título europeu consecutivo para os Países Baixos. Quando cruzou a meta, entre lágrimas, a emoção da conquista falou mais alto.
Um arranque perfeito e domínio total
Desde a primeira volta, Van der Heijden mostrou estar num dia especial. Enquanto Brand, que saiu da terceira linha, perdeu tempo na fase inicial, a sua compatriota atacou de imediato nos setores de areia e nas curtas subidas de Middelkerke, pedalando com uma técnica quase impecável.
Durante as voltas iniciais, apenas Sara Casasola e Blanka Vas conseguiram segurar a roda da neerlandesa, mas o ritmo implacável rapidamente desfez qualquer resistência. No final da primeira volta, Van der Heijden já tinha vinte segundos de vantagem, uma margem que jamais seria posta em causa.
Atrás, Brand iniciou uma recuperação sólida, passando a campeã belga Marion Norbert Riberolle e juntando-se a Casasola na perseguição. Ainda assim, cada tentativa da ex-campeã mundial era respondida com serenidade por Van der Heijden, que manteve um ritmo constante e eficaz, explorando cada metro da areia como se o percurso lhe pertencesse.
A corrida decide-se a meio
Com metade da prova cumprida, Van der Heijden continuava a comandar, com dezassete segundos de vantagem sobre Casasola e pouco mais de vinte sobre Brand. A neerlandesa controlava cada volta com frieza, sem erros e sem sinais de desgaste.
Uma breve aceleração de Brand chegou a ameaçar reduzir a diferença, mas a italiana Casasola voltou à ofensiva e Van Alphen juntou-se à luta pelo pódio. A perseguição, contudo, nunca foi coordenada. Quando o trio se começou a marcar mutuamente, a líder aproveitou para alargar a vantagem para mais de quarenta e cinco segundos.
O golpe final surgiu a duas voltas do fim: Casasola caiu violentamente na areia, perdendo o contacto e deixando Brand e Van Alphen sozinhas na batalha pela prata e pelo bronze.
Na última volta, Brand ainda atacou com força nas secções mais íngremes, conseguindo afastar-se de Van Alphen, mas a sua compatriota recuperou o segundo lugar nas últimas dunas.
Na frente, Van der Heijden manteve-se serena, pedalando com uma precisão quase cirúrgica. Com o público belga a aplaudir, cruzou a meta com os braços no ar e lágrimas nos olhos.
Atrás dela, Brand e Van Alphen completaram o pódio 100% neerlandês, confirmando a impressionante supremacia dos Países Baixos, que venceram todas as edições do Europeu desde 2017.
Casasola recuperou da queda e terminou em quarto lugar, a mais de dois minutos, enquanto Hélène Clauzel foi sexta e Laura Verdonschot, a melhor belga, ficou em sétimo.
Num campeonato que parecia escrito para Lucinda Brand, foi Van der Heijden quem escreveu a história, consolidando-se como uma das novas referências do ciclocrosse neerlandês e dando continuidade à hegemonia laranja num cenário que, ano após ano, parece pertencer-lhes por direito natural.