"O Van der Poel e o Wout têm estado a dizer 'vai-te lixar' à UCI" Antigo Campeão do Mundo critica a UCI

Ciclocrosse
sábado, 18 outubro 2025 a 11:00
mathieuvanderpoel cyclocross
Os prémios de participação no ciclocrosse continuam a ser uma das principais fontes de rendimento para muitos profissionais, e Bart Wellens, antigo campeão do mundo e uma das grandes referências da modalidade, veio a público criticar a forma como o calendário tem sido gerido pela UCI, levantando dúvidas sobre a viabilidade de combinar as temporadas de estrada e ciclocrosse.
Em declarações ao Het Nieuwsblad, Wellens apontou o dedo diretamente à federação internacional e à comunicação social: “Por vezes, ouve-se nos bastidores que se trata apenas desses dois, mas a culpa é vossa, enquanto media. A única coisa que me incomoda é o facto de a UCI adaptar o calendário da Taça do Mundo ao programa deles e de amontoar todas as corridas em dezembro e janeiro, tanto quanto possível. Isto torna impossível para os ciclistas que correm épocas completas combinar as três classificações.”
Segundo o belga, a concentração das principais provas da Taça do Mundo no inverno inviabiliza que nomes como Mathieu van der Poel e Wout van Aert consigam disputar as classificações gerais da modalidade. “É impossível para van der Poel e van Aert lutarem por estas classificações, a menos que tenham um programa completo entre novembro, dezembro e janeiro. Mas devido às ambições deles na estrada e aos sonhos de van der Poel no BTT, isso tornou-se irrealista. São objetivos menores comparados com os que têm na estrada.”
Wellens não poupou críticas à situação atual: “Um ciclista puro de ciclocrosse, Michael Vanthourenhout, ganhou a classificação da Taça do Mundo na época passada. Há dois anos que Van Aert e Van der Poel dizem essencialmente ‘vai-te lixar’ à UCI, mas persistem na sua raiva.”
Michael Vanthourenhout 
Michael Vanthourenhout 

O peso financeiro dos prémios de participação

Além da sobreposição de calendários, Wellens destacou o papel central dos prémios de participação no equilíbrio económico dos profissionais da modalidade. De acordo com várias fontes, estrelas como Van der Poel e Van Aert podem receber até 20.000 euros por corrida, o que, ao longo de uma dúzia de provas, representa um rendimento anual considerável. Já ciclistas como Michael Vanthourenhout, Eli Iserbyt ou Thibau Nys costumam auferir cerca de 5.000 euros por corrida, valores que descem em função da popularidade e das classificações UCI.
Neste contexto, Wellens questiona a necessidade de dividir o foco entre o ciclocrosse e a estrada: “Os líderes, sim, ganham muito. Mas para ter o mesmo rendimento que, por exemplo, Laurens Sweeck obtém no ciclocrosse, é preciso ser um gregário muito valioso na estrada.”
O antigo campeão do mundo acrescenta que os rendimentos atuais no ciclocrosse atingiram níveis surpreendentes: “Conheço ciclistas de ciclocrosse que nunca ganharam uma corrida, mas que agora recebem mais salário inicial do que eu recebia quando era campeão do mundo. Negociei com ciclistas para se juntarem à equipa. São salários espantosos.”
Com o crescimento da popularidade da modalidade e o mediatismo de figuras como Van der Poel e Van Aert, o ciclocrosse vive uma era de abundância financeira, mas também de incerteza estrutural. As palavras de Bart Wellens refletem uma preocupação crescente: até que ponto o sucesso comercial e o calendário internacional estão a afastar o ciclocrosse da sua essência e dos seus protagonistas a tempo inteiro?
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