No momento em que
Mathieu van der Poel regressa às corridas no Renewi Tour, após a sua saída prematura da Volta a França, o arco mais alargado da sua temporada e as suas ambições a longo prazo – estão a ser analisados. Para Roxane Knetemann, antiga ciclista profissional e atual analista, chegou a altura de o líder da Alpecin-Deceuninck encarar com maior seriedade a sua campanha olímpica no BTT, sob pena de perder terreno face aos especialistas da modalidade.
Até agora, Van der Poel participou apenas numa corrida de BTT em 2025. Apesar da ambição declarada de lutar pela medalha de ouro nos
Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028, só deverá alinhar numa segunda prova pouco antes do
Campeonato do Mundo em Crans-Montana, no final desta época.
No podcast In Het Wiel, Knetemann foi clara: esta abordagem não chega. "Se ele quer fazer parte da ação em Los Angeles, então tem de tomar uma decisão", afirmou. "Não se pode simplesmente aparecer em algumas corridas e esperar dominar. É preciso mais do que talento. A dada altura, temos de nos comprometer".
Um desafio de empenho e consistência
Ao longo da carreira, Van der Poel deslumbrou em todas as frentes, vencendo Monumentos, títulos mundiais e dominando o ciclocrosse, enquanto conciliava esporadicamente o BTT. Mas, segundo Knetemann, lutar pela Camisola Arco-Íris ou pelo ouro olímpico exige mais do que brilhantismo ocasional – requer estrutura, consistência e preparação dedicada.
"Ele não terá uma posição de partida decente nos Mundiais de 2025 porque não correu o suficiente", sublinhou a neerlandesa. "E isso não é apenas uma questão logística, é uma questão de desempenho. Melhoramos com as corridas, aprendendo os ritmos e as exigências específicas do BTT. Neste momento, ele não está a fazer isso o suficiente".
O talento não chega para vencer
Apesar da reputação de Van der Poel como fenómeno capaz de brilhar em qualquer disciplina, o BTT ao mais alto nível é, ainda assim, um desafio distinto. "Pensamos nele como um fenómeno sobre duas rodas e ele é", reconheceu Knetemann. "Mas ele vai ter de enfrentar os melhores ciclistas de btt do mundo. Não se trata de um adversário fácil. Se ele quiser vencê-los, tem de começar a investir devidamente nisso".
A analista aponta Tom Pidcock, campeão olímpico em Tóquio, como exemplo de gestão entre estrada e BTT. O britânico construiu a sua base na modalidade desde cedo e continua a tomar decisões estratégicas para equilibrar as duas vertentes. "Pidcock tem um passado totalmente diferente no BTT e continua a ter de tomar decisões difíceis sobre o que deve dar prioridade. Ele construiu a sua base de BTT há anos. Mathieu não o fez da mesma forma, pelo que a necessidade de clareza é ainda maior".
Se os objetivos passam realmente pelo ouro olímpico e pela Camisola Arco-Íris, tanto para Van der Poel como para a Alpecin-Deceuninck, então, conclui Knetemann, já não há espaço para meias medidas. "Temos de fazer uma escolha", advertiu. "Não apenas para conseguir uma melhor posição de partida. Mas para se tornar realmente melhor. Essa é a única maneira de ele ser competitivo em Los Angeles".