“2020 não foi um desastre, mas a forma como perdi essa Volta doeu” Roglic perto das 100 vitórias e avalia futuro enquanto elogia Lipowitz e Ayuso

Ciclismo
sábado, 29 novembro 2025 a 11:00
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Numa entrevista extensa à Marca, Primoz Roglic abriu o jogo sobre os seus objetivos para 2026, o legado que quer deixar, a possibilidade de se retirar, o impacto da chegada de novos líderes à Red Bull – BORA – hansgrohe e a forma como encara os grandes momentos da carreira. O tetracampeão da Volta a Espanha, atualmente com 91 vitórias como profissional, poderá atingir a simbólica marca dos 100 triunfos já esta época, ao mesmo tempo que continua em condições de se tornar o recordista absoluto de vitórias na Vuelta, descolando de Roberto Heras.
“Se conseguir ganhar algumas, fico muito feliz. Ao ritmo em que venho desde o ano passado, acho que precisaria de mais dez anos para chegar às cem. Mas sim, espero somar mais algumas no próximo ano”, referiu Roglic. “Continuo a gostar de pedalar. Ser feliz é o que mais importa. Vencer a Volta a França seria um sonho. Ganhar cinco Vueltas também seria algo muito especial. Mas, acima de tudo, continuar a desfrutar.”

A Volta à Suíça como última peça do puzzle

Se chegar à Volta a França continua a ser o seu grande objetivo, Roglic admite que existe outra meta estratégica: a Volta à Suíça, a única das grandes provas por etapas do WorldTour que ainda não venceu.
“É injusto comentar prematuramente. Há os meus desejos, os desejos da equipa e os de todos. Temos de encontrar algo que se ajuste entre nós. Quando estiver claro, saberemos. O importante não é escolher corridas, é chegar ao ponto em que realmente possas vencer.”

Pode 2026 ser o ano da despedida?

Aos 35 anos, Roglic não exclui a possibilidade de terminar carreira no final de 2026.
“Neste momento, não sei”, afirmou. “Primeiro preciso saber que calendário vou fazer e como me sinto a competir. Prefiro ir passo a passo, ver o meu nível, as minhas motivações e os desafios que terei pela frente. Depois falaremos disso.”
Na Red Bull – BORA – hansgrohe, o esloveno viu a sua influência natural reduzir-se com a ascensão de Florian Lipowitz e a contratação de Remco Evenepoel. Um cenário que reforça a necessidade de clarificação interna antes de qualquer decisão.

Lipowitz como sucessor natural? Roglic elogia, mas mantém cautela

Lipowitz terminou terceiro no Critérium du Dauphiné e na Volta a França 2025, apenas atrás de Pogacar e Vingegaard. Questionado sobre se o jovem alemão pode lutar pela vitória no Tour, Roglic foi direto:
“Para competir, claro que pode. No ano passado já subiu ao pódio e deu passos muito sólidos. Esteve na frente em várias corridas de topo, por isso nesse sentido, não existem dúvidas. Outra coisa é vencer: isso é sempre mais complexo. Mas ele está lá, já o provou, e não vejo razão para pensar que não possa repetir e até melhorar esse nível.”
Primoz Roglic, um exemplo de perseverança e profissionalismo
Primoz Roglic, um exemplo de perseverança e profissionalismo

A ferida de 2020 ainda dói

Quando confrontado com a derrota para Pogacar no contrarrelógio final da Planche des Belles Filles em 2020, Roglic foi honesto.
“A Volta a França. Seria ótimo vencê-la. Talvez 2020 não tenha sido um desastre, mas doeu a forma como perdi aquele Tour.”
A perda nesse dia continua a ser a única razão pela qual não tem as três Grandes Voltas no palmarés. E aconteceu precisamente na disciplina onde normalmente se destaca.

Caso Lazkano: resposta contida num momento delicado

“É uma situação de merda para ele. Não passei muito tempo com ele, acho que só coincidimos no Algarve. É um momento difícil.”

Mensagem inspiradora para Ayuso e para a nova geração

Questionado sobre Juan Ayuso, visto como a maior esperança espanhola para o futuro imediato, deixou uma mensagem de optimismo.
“Tudo é possível. Se eu ganhei Grandes Voltas depois de ter sido saltador de esqui até aos 22 anos, qualquer um pode fazê-lo. Há talento a rodos agora. Estão a chegar muito fortes muito cedo.”
Com 2026 possivelmente a marcar o fim de uma era, Roglic entra nos próximos meses dividido entre a ambição e a introspeção. O sonho da Volta a França permanece vivo, a glória na Vuelta ainda ao alcance, e o marco das 100 vitórias à vista.
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