Nizzolo lembra Doha 2016 e admite: “Sanremo foi o sonho que ficou por cumprir”

Ciclismo
sábado, 29 novembro 2025 a 10:07
Giacomo Nizzolo
Giacomo Nizzolo despediu-se este ano do pelotão profissional de estrada após 15 temporadas de carreira, deixando para trás um percurso repleto de consistência, resiliência e vitórias importantes. Aos 35 anos, o ex-ciclista italiano pode olhar para o passado com orgulho: campeão da Europa em 2020, vencedor de uma etapa na Volta a Itália, vencedor por duas vezes da classificação por pontos da Corsa Rosa e bicampeão nacional (2016 e 2020), acumulando um total de 31 vitórias como profissional.
Confrontado com a pergunta inevitável - qual foi a melhor vitória da carreira? - Nizzolo hesita, mas acaba por apontar a etapa conquistada na Volta a Itália 2021 como o momento mais especial. “Perseguia uma etapa na Volta a Itália há muito tempo e com uma espera tão longa, soube-me ainda melhor”, revelou no programa RadioCorsa. Foi um triunfo carregado de emoção, após 11 segundos lugares que o deixaram inúmeras vezes à porta da glória.

Título europeu quase ao mesmo nível

Logo a seguir vem o título continental obtido em Plouay. “O Campeonato da Europa de 2020? O Arnaud Démare corria em casa, era um dos grandes favoritos e vinha de uma época extraordinária. Nesse dia, a seleção italiana esteve incrível e consegui coroar o trabalho dos meus colegas com um grande sprint.”
Também no palmarés surgem duas conquistas no Campeonato de Itália, ambas particularmente significativas. “O Campeonato de Itália sempre teve um lugar especial no meu coração”, admitiu. “Depois, se tivermos de pesar as vitórias, o Campeonato da Europa provavelmente vale mais. Eu, no entanto, não saberia escolher.”

Prova de caráter e evolução

Para Nizzolo, os títulos nacionais são símbolo da sua evolução desportiva. Começou como sprinter puro, mas tornou-se ciclista capaz de resistir a percursos mais irregulares, habilidade que foi determinante para o sucesso.
“Em Cittadella em 2020, foi um grande desafio aguentar o percurso inteiro, pela quantidade de vezes que subimos a Rosina. Depois no final, geri o meu sprint. Em Boario Terme, em 2016, a vitória foi uma surpresa para mim. Cheguei lado a lado com o Gianluca Brambilla, que tinha características completamente diferentes das minhas. Foi uma grande satisfação.”
Giacomo Nizzolo com a camisola de campeão da Europa
Giacomo Nizzolo com a camisola de campeão da Europa
Também recorda com orgulho o Campeonato do Mundo de 2016 em Doha, onde foi quinto. “Sim, lancei o sprint com uma relação demasiado pesada, mas estive lá e lutei por ele. Quem venceu, o Peter Sagan, mereceu, e o Mark Cavendish e o Tom Boonen também chegaram ao pódio. À partida, teria assinado por um quinto lugar. Foi um dia infernal em termos de calor, mas guardo boas memórias.”

Um sonho por cumprir

Quando questionado sobre o único lamento, Nizzolo responde sem hesitar: “A Milan–Sanremo.” O “Monumento dos sprinters” nunca lhe foi totalmente favorável, mas ainda assim alcançou um destacado quinto lugar em 2020. “Era a corrida dos meus sonhos, mas nos últimos anos tornou-se cada vez mais inalcançável por causa dos campeões que a transformaram numa prova completamente diferente do passado.”
Com a corrida pela camisola arco-íris marcada para regressar ao Médio Oriente em 2028, Nizzolo não esconde desejos para os talentos emergentes. “Desejo um grande dia ao Jonathan Milan, esperando que não coloquem mesmo essa montanha no percurso…”
“Os sprinters sabem agora que têm de aguentar percursos duros para poder discutir os sprints. Quando passei a sub-23, tive de desfazer a imagem de corredor apenas para planos, e o Campeonato de Itália em Boario Terme foi a primeira demonstração de que conseguia lidar com terrenos um pouco mais ondulados.”
Giacomo Nizzolo despede-se como um dos sprinters mais consistentes da sua geração, marcado pela persistência, inteligência competitiva e capacidade de adaptação. Nunca ganhou a Milan–Sanremo, mas alcançou o respeito do pelotão como símbolo de profissionalismo e, para muitos, isso vale tanto como uma vitória.
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