A confirmação da transferência de
Tiesj Benoot para a Decathlon CMA CGM (nova designação da Decathlon AG2R a partir de 2026) marca um dos movimentos mais relevantes do mercado de transferências recente e pode ter impacto direto no equilíbrio das Clássicas empedradas.
A
Team Visma | Lease a Bike, até agora uma força quase intransponível na primavera, perde não só Benoot como também Dylan van Baarle, dois elementos-chave na sua estratégia coletiva. A mudança abre espaço para novas dinâmicas no pelotão, com a equipa francesa a reforçar-se com um líder experiente e versátil, enquanto a Visma terá de reinventar o seu bloco em torno de
Wout van Aert.
Regularidade e versatilidade
Benoot, de 31 anos, tem construído uma reputação sólida como finalista regular das grandes corridas de um dia. Apesar de a sua última vitória remontar a 2023 (Kuurne - Brussels - Kuurne), o belga colecionou resultados consistentes em 2024: 3º na Dwars door Vlaanderen, 6º na Volta à Flandres, 4º na Clássica San Sebastián e 8º na Amstel Gold Race. A sua polivalência torna-o não só um nome de peso para as Clássicas, mas também um ciclista útil em Grandes Voltas.
Razões da mudança
Em entrevista ao Het Laatste Nieuws, Benoot explicou os fatores que o levaram a escolher a Decathlon CMA CGM: "É uma combinação de fatores. Fui muito bem informado por Oliver Naesen e Stan Dewulf, que é um dos meus melhores amigos, mas também por Johannes Staune-Mittet, que deu o mesmo passo no ano passado. A minha nova equipa tem uma visão e uma estrutura em que acredito."
A componente financeira também pesou. Embora tivesse em mãos uma proposta de renovação atrativa da Visma, a nova formação mostrou maior capacidade de investimento e vontade em contratá-lo. "Na Team Visma | Lease a Bike, sou bem pago e pude prolongar o meu contrato com condições atrativas, mas a minha nova equipa também deixou claro o quanto me queria. Tudo isto fez-me decidir que era altura de mudar e de mudar a minha carreira."
Reação da Visma
O gestor Richard Plugge admitiu que a equipa neerlandesa não pode competir com a força financeira das novas “superequipas”: "A nova oferta foi muito boa e não foi nada desrespeitosa. Penso que foi uma proposta realista, baseada no que podia e estava disposto a oferecer por um ciclista do calibre do Tiesj. Estou-lhe grato por isso, mas sei que toda a gente é substituível, e isso inclui o Tiesj Benoot."
Mesmo assim, a saída não deixa de pesar no grupo, sobretudo para Wout van Aert: "Vou sentir a falta do Wout em termos de personalidade, de companheiro de equipa e de pessoa. Não devo estar com rodeios, mas o ciclismo é e será sempre a minha profissão e não apenas um clube de amigos. O Wout também sabe isso. Ele felicitou-me sinceramente pela minha transferência."
O Visma terá de procurar outro co-líder para apoiar Wout van Aert a partir da próxima época
Impacto no pelotão
A chegada de Benoot à Decathlon CMA CGM representa não só um reforço para o bloco francês nas Clássicas, mas também um passo claro para se afirmar como “superequipa” no panorama internacional, com o apoio financeiro da Decathlon a permitir contratações estratégicas.
Já a Visma, habituada a uma profundidade coletiva rara, terá de encontrar novas soluções internas, com nomes emergentes como Matthew Brennan a reivindicar protagonismo, para manter o domínio da primavera sem duas das suas principais “pedras”.