ANÁLISE: São estes os 29 ciclistas, 4 deles portugueses, da UAE Team Emirates - XRG em 2026, chegarão às 100 vitórias?

A época de 2026 voltará inevitavelmente a gravitar em torno de Tadej Pogacar, a figura em torno da qual todo o projeto UAE Team Emirates - XRG está construído. A equipa dos Emirados passou os últimos anos a montar uma estrutura totalmente focada em maximizar o rendimento do seu líder, e fê-lo com uma eficácia que atingiu níveis históricos em 2025. A formação ficou perto das 100 vitórias, criando uma sensação de domínio raramente vista na história do ciclismo.

Das Grandes Voltas às Clássicas, passando pelas provas por etapas de uma semana e tudo o resto, o grupo mostrou uma versatilidade possível apenas graças a uma profundidade de plantel excecional, um orçamento massivo e um planeamento desportivo meticuloso.

O objetivo para 2026 não é alterar um modelo vencedor, mas reforçá-lo. A filosofia é clara. Manter um núcleo sólido e competitivo com a mistura certa de experiência e juventude, capaz de apoiar Pogacar nos momentos decisivos e, ao mesmo tempo, brilhar ao longo do calendário.

A equipa vence não só pelo talento individual, mas pela fiabilidade coletiva que tem exibido repetidamente.

Dentro deste núcleo, vários nomes destacam-se para o futuro imediato. Um deles é Isaac del Toro, a revelação de 2025. A sua capacidade para render na montanha, em Clássicas e em provas por etapas tornou-o um dos ativos mais valiosos da equipa. Apesar da juventude, a sua maturidade competitiva impressiona e tudo indica que continuará a crescer até se afirmar como uma das grandes referências do pelotão. No ano passado esteve perto de vencer a Volta a Itália, conquistou provas por etapas como Áustria e Burgos e dominou as Clássicas italianas de outono. A próxima questão é saber se consegue somar mais vitórias WorldTour.

Ao seu lado, João Almeida mantém-se essencial. O português acaba de completar a melhor temporada da carreira, mostrando consistência notável na montanha e uma leitura de corrida que o torna indispensável nas Grandes Voltas. A sua capacidade de assumir responsabilidades, gerir o ritmo e render na terceira semana é crucial para uma equipa que aponta ao Giro ou à Vuelta no próximo ano, além de regressar ao papel de apoio-chave de Pogacar na Volta a França. Depois de vitórias em corridas como a Volta ao País Basco e a Volta à Suiça, o objetivo para 2026 será continuar a progredir e provar que ter levado Jonas Vingegaard ao limite na Vuelta não foi coincidência.

Este núcleo forte é sustentado por um grupo de corredores experientes que acrescentam profundidade, estabilidade e a capacidade de trabalhar como gregários ou perseguir vitórias. Adam Yates, Pavel Sivakov, Marc Soler, Nils Politt e Tim Wellens formam uma estrutura de luxo que dá à UAE a capacidade de competir ao mais alto nível em todos os terrenos. O seu papel será decisivo a organizar seleções, controlar corridas e apoiar Pogacar nos dias exigentes. O sucesso recente da UAE não se explica sem este grupo de suporte de elite que garante presença em todo o tipo de provas.

A equipa também fez contratações estratégicas para fortalecer áreas alvo. Benoît Cosnefroy chega para potenciar finais explosivos e a profundidade em Clássicas, um terreno onde a UAE ainda tinha margem de crescimento. A sua aptidão nas curtas ascensões e percursos ondulados torna-o um reforço valioso, capaz de somar vitórias e oferecer opções quando Pogacar não competir.

Adrià Pericas, promovido da equipa de desenvolvimento, representa um investimento de longo prazo. A sua versatilidade e margem de progressão alinham-se com a filosofia da UAE de oferecer oportunidades a jovens corredores dentro de uma estrutura altamente exigente e de grande suporte. Para Pericas, 2026 será uma época de aprendizagem, mas a sua inclusão no plantel principal reflete a confiança da UAE na sua evolução.

Kevin Vermaerke completa um reforço crucial para a montanha. Chegado da Team Picnic PostNL, traz experiência WorldTour e um perfil talhado para trabalhar com eficácia nas etapas duras de alta montanha. O seu papel será chave na segunda e terceira semanas da Volta a França, onde os gregários de montanha muitas vezes decidem a corrida.

Apesar das saídas, incluindo a mudança de Juan Ayuso para a Lidl Trek, a UAE Team Emirates conseguiu preservar a estrutura essencial do seu projeto e reforçar posições específicas sem quebrar a coesão interna. As entradas complementam, em vez de desestabilizar, o plantel, algo vital para uma equipa que já funciona de forma afinada.

A meta para 2026 é ambiciosa mas clara. Manter o domínio do início ao fim. A Volta a França voltará a ser o grande objetivo, com Pogacar como líder incontestado e um grupo construído para controlar cada etapa-chave. O Giro e a Vuelta também terão destaque, com Almeida, Yates, Soler, Del Toro ou Sivakov como possíveis líderes consoante os percursos. Nas Clássicas, Del Toro e Cosnefroy terão oportunidades, enquanto Pogacar continuará a apontar aos Monumentos, particularmente os dois que ainda não veceu: Milan-Sanremo e Paris-Roubaix.

Com um líder no auge, jovens a evoluírem rapidamente e reforços de qualidade, a UAE entra em 2026 com ambição de prolongar uma das eras mais dominantes do ciclismo moderno.