Tal como no ano passado, a Volta a França de 2024 conta com três portugueses no pelotão. João Almeida faz a sua estreia na corrida na sua 5ª época no World Tour; já Nelson Oliveira vai para o seu terceiro Tour consecutivo e Rui Costa garantiu o lugar em menos de um mês de competição, provando que aos 37 anos ainda tem muito para dar ao ciclismo.
Mas o que é que se pode esperar destes três nomes? Com características e funções diferentes, analisemos aquilo que se pode esperar de três dos melhores ciclistas portugueses da atualidade
JOÃO ALMEIDA
Uma dos momentos mais antecipados pelo público português, a estreia de João Almeida no Tour de France. O português de 25 anos já participou em 6 Grandes Voltas e acabou sempre no top10. Contudo, em França, não corre apenas para si, mas sobretudo para ajudar Tadej Pogacar e a UAE Team Emirates a recuperar a Volta a França que lhes escapa desde 2022.
Ainda assim, Almeida conseguiu a proeza de chegar a Florença como um peso pesado dentro da UAE que conta com Adam Yates e Juan Ayuso no alinhamento. O português será uma peça fundamental para a tática da equipa de Pogacar, nomeadamente se esta quiser colocar Almeida na frente e usar a profundidade para enfraquecer a Team Visma | Lease a Bike e a Red Bull - BORA - hansgrohe.
Em declarações ao jornal "A Bola", João Almeida não descartou um bom resultado na geral, mas constatou que isso "depende de muitos fatores" e mencionou que deseja repetir o desempenho na Volta à Catalunha, onde correu ao lado de Pogacar e destruiu o pelotão em mais do que uma ocasião.
O 2º lugar na Volta à Suíça, com duas etapas conquistadas, trouxe esperança ao público luso de voltar a ver um português no pódio do Tour pela primeira vez desde 1979, quando Joaquim Agostinho terminou no 3º posto. Uma expetativa talvez demasiado otimista, dada a concorrência, mas não será surpresa se Almeida terminar no top10 ou até no top5, nomeadamente porque é um dos últimos homens de trabalho da melhor equipa [do papel] no Tour.
RUI COSTA
Rui Costa vai ao Tour de France pela 12ª vez na carreira e pela 4ª equipa diferente. Movistar, Lampre/UAE, Intermarché e agora com as cores da EF Education EasyPost. A época não começou bem para o veterano que começou a época na Volta ao Algarve, onde caiu e foi obrigado a abandonar com fraturas na clavícula e na omoplata.
Ficou fora de ação até ao final de maio, mas voltou em grande com um top10 no GP des Kantons Aargau (onde também esteve ao ataque) e um top5 na segunda etapa da Volta à Suíça, decidida ao sprint. A cereja no topo do bolo foi no fim de semana passado, com Rui Costa a ser 3º no Campeonato Nacional de contrarrelógio, a 27 segundos de António Morgado. Isto para levar mesmo a vitória no Campeonato Nacional de fundo, onde superou o duo dos gémeos Oliveira.
Como tal, Rui garantiu a presença na equipa da EF para a Volta a França, com a formação americana a priorizar a luta por etapas. Uma área, de resto, na qual o português já vingou por diversas ocasiões e pode muito bem fazê-lo neste Tour a partir de fugas na segunda metade da corrida. Também não seria a coisa mais surpreendente do Mundo, ver Rui Costa tentar a sorte num dos primeiros dois dias de corrida, que se adequam às suas características, mas o ritmo frenético do pelotão deverá dificultar tais movimentações de outsiders. Esta temporada está a ser um verdadeiro atestado à longevidade de Rui Costa, que regressa a Florença, cidade onde foi campeão do Mundo em 2013, para a Grand Départ.
NELSON OLIVEIRA
8ª presença no Tour para Nelson Oliveira! Um marco notável para o ciclista que se mantém ligado à Movistar Team desde 2016, e que irá permanecer na equipa até 2025, pelo menos. Como tal, Nelson é já um nome da casa na formação espanhola e tem vindo a mostrar excelentes desempenhos como gregário, o que justifica que este seja o seu 3º Tour consecutivo e 11º ano seguido a realizar corridas de três semanas. Este ano igualará o registo de Acácio da Silva, como português com mais presenças em Grandes Voltas.
Em entrevista à Agência Lusa, o corredor de 35 anos admitiu que a prioridade passa por "como todos os anos anteriores, trabalhar para o líder", Enric Mas, que aponta a um lugar no top10. Ainda assim, a Movistar não deixa de lutar por etapas e Oliveira acredita que a sua hipótese chegará:
"O contrarrelógio será para eu tentar disputar. Sabemos que, hoje em dia, os líderes fazem o 'crono' muitas vezes melhor do que os próprios especialistas. Aí vou estar focado, mas terei a oportunidade de entrar numa fuga e disputar uma etapa."
O Tour vai para a estrada este sábado e dura até dia 21 de julho, com Tadej Pogacar a partir como o principal favorito perante Jonas Vingegaard que surge como uma incógnita (depois da queda na Volta ao País Basco) Primoz Roglic e um Remco Evenepoel que mostraram vulnerabilidades no Critérium du Dauphiné