Bradley Wiggins fala abertamente da INEOS Grenadiers: "É triste de ver ao estado a que eles chegaram. Estão feitos em pedaços."

Ciclismo
terça-feira, 29 outubro 2024 a 10:49
bradley wiggins

Sir Bradley Wiggins foi uma das principais figuras dos primeiros tempos da Team Sky, cimentando o seu lugar na história do ciclismo como o primeiro vencedor britânico de sempre da Volta a França em 2012, abrindo caminho para que nomes como Chris Froome, Geraint Thomas e Tao Geoghegan Hart seguissem como líderes da equipa britânica. No entanto, nas últimas épocas, a agora denominada INEOS Grenadiers tem tido muito mais dificuldades em se impor no pelotão.

Em declarações ao jornalista de ciclismo Daniel Benson, Wiggins comentou as actuais lutas internas da INEOS Grenadiers, algo que teve o ponto alto no final da época de 2024, quando veio a lume a discussão pública entre a equipa e o ciclista Tom Pidcock, na sequência da decisão da direção de retirar o nome do campeão olímpico de BTT do alinhamento da equipa para a Il Lombardia.  

"Eles estão em pedaços", diz o vencedor da Maillot Jaune de 2012. "Parece que foram caindo desde que Dave Brailsford decidiu sair. O Rod Ellingworth assumiu o controlo durante alguns anos, mas o auge foi quando eles tinham todo o dinheiro do mundo e podiam comprar qualquer ciclista. O Pidcock e o Geraint têm tido desempenhos fantásticos, mas é triste ver que em muitos aspectos, foi o inicio do declínio do grande império britânico".

Recentemente a INEOS anunciou uma revisão da sua equipa de diretores desportivos e até deu a entender que em 2025, os objectivos podem mudar das tradicionais lutas pelas classificações gerais das corridas, que sempre foram as prioridades da Team Sky / INEOS Grenadiers, para passar a lutar por corridas de um dia e caçar etapas. "É provavelmente uma situação muito semelhante à do Manchester United (também propriedade do patrão da INEOS, Sir Jim Ratcliffe) em muitos aspectos. É um clube enorme, uma equipa enorme, uma grande história e grandes jogadores", explica 'Wiggo';

"Sei que o Steve Cummings não está com a equipa desde junho. Ouvi muitas histórias diferentes sobre o motivo que o levou a sair e é interessante de constactar que alguém como o Steve tenha conseguido alguns dos melhores desempenhos da equipa quando Geraint foi terceiro no Tour. Mas também tiveram um ano muito particular para o ciclismo, em que um homem dominou o ano de uma forma extrema", acrescenta, referindo-se à campanha de Tadej Pogacar em 2024.

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Wiggins fez história com a sua vitória na Volta a França em 2012

"O Brailsford tinha a mão na massa quando eu estava lá e com todas aquelas personagens e personalidades, como eu e o Chris Froome, ele conseguiu ter êxito. Nem sei dizer quem é que eles têm agora, mas será que tudo isto é um sinal de como o Dave e toda a gente geriam bem a equipa?", avalia o ciclista de 44 anos. "Tem estado em lento declínio e o que eu achei estranho foi a completa mudança de filosofia de tentar ganhar Grandes Voltas. Depois, passámos a fazer corridas duras, a ganhar etapas, mas quando se começa por lutar para ganhar Grandes Voltas e agora mudam para corridas de um dia, é caso para dizer que tudo o que façam daqui para a frente não vale de nada."

Como já foi referido, todas as preocupações atingiram o seu ponto de ebulição na Il Lombardia com a polémica em torno de Pidcock. "Acabei de falar com algumas pessoas sobre o assunto e li o que o Geraint Thomas disse na semana passada. Toda a gente está a coçar a cabeça, mas acho que o Geraint resumiu tudo muito bem quando disse que o que está em causa são as pessoas que rodeiam o Pidcock", comenta Wiggins. "Especialmente alguém com a qualidade dele, depois do que fez no verão. Mas acho que os seus dias estão contados na Ineos. Não estou a ver como é que ele pode ter condições para correr. Imagino que esteja no horizonte uma transferência".

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