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Volta a França de 2025 mal começou, mas já está a provocar debate entre especialistas e ex-ciclistas. No mais recente episódio do podcast The Move,
Johan Bruyneel e Sir
Bradley Wiggins analisaram as primeiras etapas da corrida, centrando atenções na rivalidade tática entre a UAE Team Emirates – XRG e a
Team Visma | Lease a Bike, bem como no domínio inicial da surpreendente Alpecin-Deceuninck.
Embora ambas as equipas estejam a colocar os seus líderes na frente da corrida, Wiggins acredita que a Visma pode estar a gastar energias demasiado cedo. “Vimos o Tiesj Benoot a fazer uma movimentação ao estilo do Poggio naquela subida, e o Campenaerts fez algo semelhante. Toda a gente fala do Pogacar e do Vingegaard, mas os domestiques vão ser cruciais nas fases decisivas e estão a queimar cartuchos cedo demais”, alerta o britânico.
Bruyneel, por outro lado, elogia a estrutura da equipa neerlandesa. “A Visma parece-me mais forte e organizada do que a UAE neste momento. Estão a correr com inteligência. Sepp Kuss e Simon Yates nem se viram ainda, estão a guardar-se. É planeado.”
Naturalmente,
Jonas Vingegaard está no centro da acção da Visma. “Hoje esteve muito bem”, admite Wiggins, referindo-se à segunda etapa. “Talvez um pouco entusiasmado demais, aquele ataque na descida era desnecessário.” Para Bruyneel, no entanto, havia lógica por trás da movimentação: “Foi uma forma de manter a corrida esticada e evitar confusões. Se a corrida partia, haveriam assim menos hipóteses de ficar preso atrás.”
Sobre o sprint final da etapa, Bruyneel acrescenta: “Esperávamos que ele perdesse a roda. Não consegue acompanhar o Mathieu, e o Tadej também é muito explosivo. Mas mesmo assim ficou em terceiro. Está claramente em forma.”
No campo rival, Pogacar respondeu sempre à altura, mas os analistas foram unânimes: nem todos os favoritos conseguiram manter-se no mesmo nível. “Carlos Rodriguez era a grande esperança da INEOS para a geral, mas perdeu tempo de novo hoje”, observa Wiggins. “Teve aquela queda complicado no início do ano e uma fratura de clavícula, mas ainda assim, não está no ponto.”
Já Remco Evenepoel, após uma estreia desastrada na etapa inaugural, deu sinais positivos. “Hoje esteve muito melhor”, comenta Bruyneel. “A equipa protegeu-o bem, e ele estava no lugar certo nas subidas. Foi o grupo dos homens da geral, e do Van der Poel.”
E é impossível falar da segunda etapa sem destacar
Mathieu van der Poel, vencedor da etapa e novo líder da geral. “Ele está na melhor forma que já vimos no Tour”, elogia Wiggins. “Não me admirava se vencesse outra etapa ainda esta semana.”
Bruyneel, por sua vez, realça o mérito da estrutura da Alpecin-Deceuninck no seu todo. “O mérito é dos irmãos Roodhooft. Se pensarmos bem, a equipa vem de estruturas modestas e continua com um orçamento longe do top 5. Mas o que estão a conseguir é fenomenal.”
E o sucesso pode não ficar por aqui. Com um sprint de grupo antecipado para a terceira etapa, Jasper Philipsen, vencedor da etapa 1, poderá dar à equipa a terceira vitória consecutiva logo no arranque do Tour. “É impressionante. No Tour, tudo é caótico. Mas se uma equipa vence cedo, isso cria uma bola de neve positiva. A pressão desaparece, os erros diminuem, a confiança dispara. A verdade é que mais de metade das equipas não ganhará sequer uma etapa. A Alpecin já tem duas. Se o Jasper fizer três… isso seria extraordinário”, conclui Wiggins.
A Volta a França de 2025 está apenas a começar, mas a intensidade já é máxima, dentro e fora da estrada.