A Alpecin-Deceuninck não podia ter desejado um início mais perfeito na
Volta a França de 2025. Depois da vitória de Jasper Philipsen na etapa inaugural, coroada com a Camisola Amarela, foi a vez de
Mathieu van der Poel brilhar ao vencer com autoridade a segunda etapa e herdar a liderança da geral. Em dois dias, duas vitórias, duas Camisolas Amarelas e uma equipa em estado de graça.
Para o antigo campeão de ciclocrosse e figura lendária do desporto belga,
Sven Nys, o segredo do sucesso está na experiência e maturidade cada vez mais visíveis em Van der Poel. “Eles conquistaram tudo o que havia para ganhar”, comentou Nys no podcast
Sporza Tour com Christophe Vandegoor. “Eu diria: aproveitem ao máximo cada momento. Todas as equipas sonham com um início assim.”
O ataque final na segunda etapa foi decidido num sprint tenso, onde Van der Poel teve de responder aos movimentos agressivos de Kevin Vauquelin e Julian Alaphilippe, antes de segurar Pogacar nos metros finais. “Ele estava a pedalar à patrão, mesmo na frente”, descreve Nys. “Encontrou-se na frente mais cedo do que o previsto, mas o vento não teve grande impacto nas ruas estreitas. Pogacar ainda chegou a colocar-se um metro à frente, mas Van der Poel reagiu com força bruta. Foi isso que lhe deu a vitória.”
Esta foi apenas a segunda vitória de etapa de Van der Poel na Volta a França, uma corrida que, até agora, tem sido um palco ingrato para o talento do neerlandês. Mas com o percurso deste ano a favorecer os puncheurs e corredores versáteis, há uma sensação palpável de que o Tour de 2025 pode finalmente ser a sua corrida.
“Ele ganhou experiência”, aponta Nys. “O Van der Poel mais jovem teria atacado cedo demais. Desta vez, esperou, calculou e venceu com autoridade. Admitiu que a relação com o Tour nem sempre foi fácil, talvez uma espécie de relação amor-ódio, mas os sinais antes da corrida eram bons. Partilhou vídeos nas redes sociais a mostrar que estava em grande forma.”
E havia ainda dúvidas sobre o seu estado físico, depois de correr o Critérium du Dauphiné com uma pequena fratura no pulso. Mas, segundo Nys, isso já não levanta preocupações. “É evidente que não o afetou. Vamos ter de o manter debaixo de olho nos próximos dias.”
Com Van der Poel na liderança da geral e Philipsen a postos para brilhar nas etapas planas que se seguem, a Alpecin-Deceuninck está, para já, a viver um Tour de sonho. Resta saber se a onda de sucesso continuará a embalar a formação belga-holandesa ou se os ventos da alta montanha, mais adiante, trarão outras dinâmicas. Uma coisa é certa: Van der Poel chegou com ambição, maturidade e pernas para marcar esta edição da Volta a França.