Após duas etapas intensas na
Volta a França de 2025, a diferença entre
Tadej Pogacar e
Jonas Vingegaard é mínima, apenas dois segundos de bónus a favor do esloveno. Mas, segundo
Jonathan Vaughters, diretor da EF Education–EasyPost, é o dinamarquês quem leva a melhor onde mais importa nesta fase inicial: no plano psicológico.
No rescaldo da segunda etapa, analisada no The Breakaway da
TNT Sports, Vaughters destacou que o desempenho de Vingegaard superou as expectativas. “Sinto que o Jonas teria normalmente terminado em 10.º ou 15.º numa etapa como aquela”, afirmou, referindo-se ao final explosivo onde Mathieu van der Poel venceu, com Pogacar em 2.º e Vingegaard a fechar o pódio. “Teria estado nesse grupo da frente, a aguentar-se graças à sua capacidade aeróbica, mas sem aquele poder de fogo. O facto de o ter mostrado agora indica que tem muito mais no tanque do que pensamos.”
Ao lado de Vaughters no painel estava Michael Matthews, amigo próximo de Pogacar e vencedor de quatro etapas no Tour. Impedido de participar este ano devido a suspeitas de embolia pulmonar detetadas num estágio em altitude, Matthews deixou um olhar diferente sobre o rival do seu compatriota.
“Este ano, Jonas apresenta uma atitude descontraída, diz: ‘Vou pedalar e ver o que acontece’. Já não é tão calculado, o que é um pouco assustador, mas também entusiasmante”, explicou o australiano da Team Jayco AlUla. “Normalmente ele é mais rígido, à imagem do Roglic. Agora parece que quer divertir-se em cima da bicicleta.”
Para Vaughters, essa mudança de atitude pode ser deliberada, e dirigida diretamente a Pogacar. “Penso que é também uma batalha psicológica. Jonas está a mostrar ao Tadej que também tem explosão. Ambos são muito parecidos em força constante, mas o Tadej tem sempre mais explosão. Bem, agora o Jonas está a fazer mind games e a dizer: ‘eu também consigo fazer isso’. Talvez não consiga, mas se foi um golpe psicológico? Sem dúvida.”
A análise converge num ponto comum: o Vingegaard que se vê na estrada parece mais solto, mais ofensivo e menos dependente do controlo absoluto que definiu o seu estilo nos últimos anos. Num Tour marcada por finais técnicos e explosivos nos primeiros dias, isso pode fazer a diferença, se não nas pernas, então na cabeça.
E enquanto os números continuam a dar vantagem a Pogacar, o clima em torno da luta pela Camisola Amarela parece cada vez mais equilibrada. Com o Tour ainda no seu início, o mais importante pode nem sempre estar visível nos tempos, mas sim nas entrelinhas da forma como os grandes favoritos se desafiam. E neste campo, Vingegaard acaba de pontuar.