Caso de doping na W52 - FC Porto: Nuno Ribeiro e Adriano Quintanilha condenados a penas de prisão efetivas

Ciclismo
sexta-feira, 12 dezembro 2025 a 18:42
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A leitura do acórdão da operação “Prova Limpa”, que levou a julgamento 26 arguidos, entre os quais vários antigos ciclistas, decorreu num pavilhão junto ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira. Durante a sessão, o presidente do coletivo de juízes destacou que "resultaram provados praticamente todos os factos" descritos na acusação do Ministério Público.
Segundo a decisão, ficou demonstrado que era Adriano Quintanilha quem financiava a aquisição das substâncias dopantes, tendo igualmente a palavra final sobre a sua utilização. Já Nuno Ribeiro, ex-corredor e diretor desportivo à época, assegurava a ponte com os atletas: comprava os produtos proibidos, distribuía-os e transmitia indicações sobre a forma como deveriam ser administrados. Todos os ciclistas envolvidos receberam penas suspensas, com exceção de dois arguidos que foram absolvidos.
Ao justificar a opção por penas efetivas para os principais responsáveis, o juiz presidente foi perentório: "A gravidade dos factos não nos permite suspender estas penas".
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Assim, Adriano Teixeira de Sousa, conhecido no meio do ciclismo como Adriano Quintanilha, e Nuno Ribeiro foram condenados a quatro anos de prisão por tráfico de substâncias e métodos proibidos, acrescidos de um ano e nove meses por administração das mesmas. Em cúmulo jurídico, o tribunal fixou para ambos uma pena única de quatro anos e nove meses de prisão efetiva.
O coletivo de juízes concluiu que Quintanilha foi um dos "elementos que engendrou o plano inicial" e que, enquanto líder da W52-FC Porto, agora extinta, tinha também a decisão final sobre os pagamentos relacionados com o esquema de doping.
Quanto a Nuno Ribeiro, o tribunal considerou que "passava tudo por ele e era um dos elementos fundamentais do esquema de doping", salientando a "multiplicidade de condutas" atribuídas ao antigo diretor desportivo: desde a compra e distribuição ao recebimento, preparação e instrução sobre o uso dos produtos. Ambas as figuras, pela posição hierárquica que ocupavam, foram consideradas especialmente responsáveis, levando o tribunal a sublinhar que o dolo de ambos "é intenso".
Entre os arguidos figuravam também antigos ciclistas da W52-FC Porto: João Rodrigues, Rui Vinhas, Ricardo Mestre, Samuel Caldeira, Daniel Mestre, José Neves, Ricardo Vilela, Joni Brandão, José Gonçalves, Jorge Magalhães e André Freitas. Todos foram condenados a penas suspensas inferiores a dois anos e meio. O juiz enquadrou estas decisões afirmando que "Os ciclistas faziam parte da equipa e aderiram ao plano [de doping]. Ainda assim, [num patamar] não tão elevado como os outros arguidos. Alguns confessaram. As penas são muito menos elevadas, também porque eram os únicos que corriam riscos para a sua saúde. Eram o elo mais frágil desta cadeia de ligação ao doping".
A Associação Calvário Várzea, entidade que esteve na origem da equipa e da qual Quintanilha era presidente, foi também sancionada, tendo de pagar 57 mil euros ao Estado e ficando proibida de participar em competições de ciclismo, profissionais ou amadoras, durante os próximos quatro anos.
À saída, o advogado de Nuno Ribeiro confirmou a intenção de recorrer, mostrando-se surpreendido com o desfecho: "Se houve alguém que efetivamente falou aqui a verdade neste processo foi o Nuno Ribeiro, esclareceu tudo o que era necessário esclarecer, a confissão dele foi integral e sem qualquer tipo de reservas, o coletivo de juízes entendeu que de facto o Nuno Ribeiro apenas veio esclarecer parte dos factos, parte da verdade, e basicamente quis colocar o Nuno Ribeiro e o senhor Adriano Teixeira de Sousa no mesmo patamar. Esta decisão não é condizente com a realidade dos factos e vamos recorrer", afirmou Tiago Máximo.
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