A terceira etapa da
Volta a França 2025 terminou com a primeira vitória de Tim Merlier nesta edição da prova, batendo Jonathan Milan ao sprint em Dunquerque. No entanto, a imagem que ficará gravada do dia foi a queda aparatosa de
Jasper Philipsen, líder da classificação por pontos e vencedor da etapa inaugural, que foi forçado a abandonar a corrida a 58kms da meta.
O incidente aconteceu durante o sprint intermédio, onde vários ciclistas lutavam por pontos valiosos para a Camisola Verde. Num momento de enorme tensão e velocidade, Philipsen chocou violentamente com
Bryan Coquard e caiu de forma dura, com suspeita de fratura da clavícula. A sua camisola verde ficou rasgada, e o belga foi assistido de imediato na berma da estrada, impossibilitado de continuar.
O chefe equipa
Intermarché - Wanty, Aike Visbeek, comentou o sucedido, tentando afastar qualquer teoria de culpa deliberada. "Penso que foi apenas um incidente de corrida", declarou aos jornalistas presentes na linha de meta. "Temos um dos sprinters mais pequenos, Bryan Coquard (1m71cm), a avançar em direção a
Laurenz Rex (1m93cm), que é um dos maiores ciclistas. Coquard avança em direção a Rex, depois vai para o outro lado e acaba por o derrubar. Não foi bonito. Só espero que o Jasper [Philipsen] saia bem da situação, foi uma visão horrível".
Apesar das imagens chocantes, Visbeek recusou atribuir culpas a Coquard, realçando a complexidade dos sprints intermédios e o ambiente caótico da etapa. "É um sprint intermédio, qualquer pessoa que o queira disputar pode fazê-lo. Nos últimos anos, tem sido muitas vezes um pouco a subir, o que torna as coisas mais lentas e um pouco mais seguras. Mas hoje foi a alta velocidade, plano e um caos total".
Laurenz Rex, envolvido no incidente apesar de não estar integrado no comboio da frente, tinha furado pouco antes e encontrava-se a recuperar posições. "Vinha de trás, por isso foi tudo uma confusão", explicou Visbeek. "Não, acho que não [vai haver ação disciplinar]. Como já disse, o Rex ia em linha reta. O Coquard foi contra ele. Não creio que haja alguém diretamente culpado".
O próprio Rex acabaria por sofrer uma queda adicional no final da etapa, num dia especialmente perigoso para o pelotão. Nas redes sociais e entre analistas, choveram críticas à UCI pela alegada falta de segurança nos percursos, especialmente no desenho dos sprints. Visbeek foi direto na sua avaliação: "Sim, a bola está no campo da UCI para resolver isso. Eu não posso fazer nada. Mas é verdade, é mais perigoso assim. É essa a realidade".
Sobre como tornar os sprints mais seguros, o dirigente da Intermarché deixou algumas pistas, mas sem responsabilizar os organizadores. "Se for um pouco mais a subir, a velocidade é menor e é mais seguro. Mas acho que não podemos culpar os organizadores. A etapa era relativamente fácil, o que significava que mais ciclistas tinham energia para disputar o sprint. Numa etapa mais difícil, há menos gente a tentar, e é mais seguro. Mas é assim que as coisas são".