Christian Prudhomme deixa a presidência da AIOCC. Javier Guillén, diretor da Volta a Espanha assume a liderança
Ciclismosexta-feira, 21 novembro 2025 a 20:30
O tabuleiro organizativo do ciclismo profissional sofreu uma mudança de fundo. Javier Guillen, diretor da Volta a Espanha, foi eleito novo presidente da AIOCC, associação que representa os organizadores das principais provas do calendário mundial. A decisão encerra 15 anos de liderança de Christian Prudhomme, responsável máximo da Volta a França, e marca a primeira transição no topo da entidade desde 2009.
Prudhomme decidiu não se recandidatar. O seu mandato acompanhou um período de expansão comercial e mediática sem precedentes do Tour, reforçando o estatuto de evento global. Caberá agora a Guillen liderar o organismo num momento em que o ciclismo enfrenta transformações profundas.
Um perfil associativo marcado pela inovação na Vuelta
Sob direção de Guillen, a Vuelta destacou-se pela introdução de finais explosivos em paredes íngremes, traçados arrojados e estratégias de diferenciação dentro de um calendário cada vez mais congestionado. Essa visão contribuiu para recuperar a relevância internacional da prova e tornou-o uma das figuras mais identificadas com a modernização das Grandes Voltas.
A sua eleição para a presidência da AIOCC pode sinalizar uma orientação virada para a evolução e não apenas para a preservação dos modelos tradicionais.
Um mandato com desafios estruturais
Guillen assume a liderança num momento em que a modalidade equilibra múltiplas pressões: crescimento do calendário feminino, negociações complexas com cidades organizadoras, custos crescentes de logística, segurança e limitação de acessos, necessidades de renovação de formato, assim como o debate recorrente sobre o ordenamento da época.
A AIOCC entra agora numa fase em que se espera capacidade para conciliar visibilidade internacional com sustentabilidade operacional.
Direção renovada e mais representativa
A nova equipa diretiva reflete um esforço deliberado para alargar geografias e integrar melhor as diferentes vertentes do ciclismo, incluindo a feminina. Os principais cargos ficam distribuídos da seguinte forma:
- Vice-presidentes: Ruben Peris (Volta à Catalunha) e Thierry Gouvenou (Paris–Roubaix)
- Secretário-geral: Luc Gheysens (Gent–Wevelgem)
- Secretária-adjunta: Sonia Martinez Barrio (Vuelta a Catalunya Femenina)
- Tesoureiro: Eddy Buchette (Volta ao Luxemburgo)
- Tesoureiro-adjunto: Yannick Talabardon (Paris–Nice)
A estrutura é completada por membros provenientes da América do Norte, do setor feminino e da Flandres: Joseph Limare, Franck Perque e Wim Van Herreweghe.
Além de diversificar perfis, o novo executivo fortalece a presença de eventos femininos na estratégia da associação.
Guillen assume numa era de oportunidades e riscos
A eleição de Guillen simboliza a transição para um modelo diretivo potencialmente mais dinâmico. Entra com uma reputação de inovador e rodeado de dirigentes provenientes de diferentes realidades e formatos competitivos. Terá agora o papel de orientar o futuro das maiores corridas do mundo num período de grande expansão global, mas também de tensão crescente entre tradição, modernização e sustentabilidade.
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