Conferência de imprensa: Joxean Matxin explica porque Pogacar e Del Toro se vão juntar na Volta a França de 2026 - "É o momento perfeito"

Tadej Pogacar, João Almeida e Isaac del Toro revelaram este sábado à tarde, em Benidorm, os seus planos para 2026, no estágio da equipa. Enquanto Almeida aponta à Volta a Itália e à Volta a Espanha, a equipa vai testar a dupla Pogacar–Del Toro na Grande Boucle. O manager Joxean Matxin explica porquê.

O dirigente espanhol falou com vários meios, incluindo o CiclismoAtual e o CyclingUpToDate, após as conferências de imprensa, abordando temas já discutidos. Primeiro, a estreia de Pogacar na Volta à Romandia e na Volta à Suiça.

“É para descobrir uma nova corrida, um novo desafio. Ele procura mais uma vitória no palmarés. E assumir o compromisso de experimentar outra prova”, disse Matxin em inglês, deixando de lado o espanhol. Em vez do Tour Auvergne - Rhône Alpes ou da Volta à Eslovénia, este ano escolhe a Suíça como preparação para o Tour, pela primeira vez.

“Este ano, a Suiça tem apenas cinco dias, é outro conceito de ciclismo. Penso que a organização da Suiça é da Flanders Classics. É um conceito mais de circuito, talvez com subidas no final ou voltas com subidas em vez de uma ascensão final… Por isso há uma janela [de tempo]. Depois da Romandia, é perfeito”, explica.

E encaixa na perfeição no plano de Pogacar. “É perfeito para recuperar, estágio, Suiça, estágio e Volta a França”. Mas quem acompanhará Pogacar e Del Toro em França ainda não está fechado: “Nesta situação não explico toda a equipa, nem todos os corredores estão neste estágio. Antes preciso falar com eles e, por respeito, não dou essa informação”.

Claro que a presença de Del Toro no Tour foi uma das grandes notícias do dia. Matxin explica a opção. “Em muitos casos, eu crio o calendário e depois pergunto ‘o que achas, qual é a tua opinião’, e consulto os corredores. Mas também, com 22 anos, no caso do Del Toro, é melhor não lhe dar pressão e responsabilidades. Muitos adeptos, os adeptos mexicanos, veem um segundo lugar e já pedem para ganhar”.

“E talvez este seja o momento perfeito para ir à Volta a França com os holofotes no Tadej e aprender, perceber qual é o nível e as características do Tour. É o momento certo para lhe dar espaço, mais um passo. Começou na Volta a Espanha, no ano passado na Volta a Itália, este ano na Volta a França. É o percurso perfeito para o Del Toro”.

O mexicano confirmou muito ao longo do ano, e agora seguirá a evolução natural, guiado por Pogacar, com quem rivalizou recentemente no Campeonato do Mundo de Kigali. Mas conciliar agendas na melhor equipa do mundo é exigente, com tantos egos e ambições para gerir.

“Faço sempre o calendário com dois conceitos. Tentar ganhar e dar espaço aos outros. Muitos corredores têm… ‘Esta é a tua oportunidade, esta corrida, esta corrida, esta corrida, e esta é para ajudar os colegas’. Isto cria um bom equilíbrio para dar oportunidade, por exemplo, a corredores como o Pavel Sivakov. Dizes ‘hoje esta corrida é só para ajudar os outros’”.

Falando do pós-Tour, Matxin foi prudente ao projetar o programa de Pogacar. “Depende do que sentir depois da Volta a França, da fadiga. Se precisa de mais recuperação, se deve continuar a competir, decide-se no momento, no Tour. Depois da Volta a França, compreendo melhor a situação”. O calendário mais curto também se explica pelas exigências sobre um líder.

“É importante, neste momento, dar prioridade à recuperação, também mental. Hoje, e em todas as corridas, há duas horas de conferência de imprensa, antes, depois, as fotos… São mais três ou duas horas por dia do que os outros… É preciso encontrar a medida certa para o manter um verdadeiro profissional, com mente forte, recuperação e os dias certos para cada período”.

O Campeão do Mundo só iniciará a época na Strade Bianche e vai optar por ficar em casa ou em Espanha até lá, para recuperar mentalmente de um ano duro. “Vai treinar nesta zona (Costa Blanca) pelas boas estradas e bom tempo”. E, na aproximação ao Tour, o plano é simples.

“Depois, um estágio antes da Volta à Suiça, depois da Volta à Suiça volta novamente ao estágio, segue quatro ou cinco dias a casa com a família e então parte para a Volta a França”.