Conheça os ciclistas mais combativos de 2024!

Numa altura em que chegamos ao final da época de 2024 é hora de fazer reflexões finais sobre aquilo que foi este ano de ciclismo de estrada.

Uma das vertentes muitas vezes menosprezada por muitos adeptos mas que é uma parte fundamental de qualquer corrida de ciclismo são as fugas. Uma fuga é o que muitas vezes nos deixa na ponta do sofá a olhar mais atentamente uma corrida, é o abrir das hostilidades num esforço bravo de correr sozinho ou em grupos reduzidos contra um pelotão inteiro que passa horas e horas em perseguição.

Há muitos motivos para se incorporar uma fuga, nomeadamente, para obter visibilidade a nível televisivo; para conquistar prémios atribuídos em pontos intermédios de etapas (nomeadamente classificações de montanha ou de sprints intermédios ou até mesmo conseguir pontos extra para classificações por pontos); para obrigar outras equipas não representadas na fuga a assumirem o trabalho de perseguição, poupando assim os seus companheiros de equipa; ou por uma questão de colocação em pontos estratégicos da etapa para o caso de haver algum ataque de um companheiro de equipa vindo do pelotão que possa fazer a ponte para a frente e tirar benefício de ter um companheiro na fuga inicial; ou por vezes, quem sabe, ser a própria fuga a disputar a vitória de etapa.

Entrar numa fuga é sinal de espetáculo, um ciclista quando incorpora a fuga tem o seu momento de glória e o destaque para o dia. Normalmente em qualquer prova por etapas as organizações distinguem individualmente os ciclistas mais combativos de cada jornada mas quantos e quantos não ficam para trás antes do derradeiro combativo do dia subir ao pódio?

Jonas Abrahamsen vestiu a Camisola Verde na Volta a França

Abaixo apresentamos os ciclistas que estiveram em fuga durante mais quilómetros durante o ano de 2024. Muitos dos nomes serão-lhe familiares e no topo da lista temos Manuele Tarozzi da VF Group - Bardiani CSF - Faizanè. O jovem italiano de 26 anos esteve um total de 1962 quilómetros em fuga (o que corresponde a mais de 15% da distância total que percorreu durante toda a época) e sucede assim ao seu compatriota Mattia Bais que tinha atingido uma marca de 1703 quilómetros em 2023.

Tarozzi destacou-se por ter integrado um total de 16 fugas ao longo da época, que lhe valeram duas vitórias: uma no Tour de Langkawi e outra no Tour of Qinghai Lake bem como um segundo lugar na primeira etapa da Volta à Comunidade Valenciana onde fez a dobradinha com o seu companheiro de equipa Alessandro Tonelli. Tarozzi também esteve em destaque na sua Grande Volta caseira, a Volta a Itália entrando na fuga do dia 4 vezes mas sendo alcançado por 3 ocasiões e num dos dias incorporou uma fuga que foi bem sucedida na etapa mas não conseguiu estar dentro da luta pela vitória que acabaria por sorrir a Andrea Vendrame.

Em segundo lugar temos um homem que esteve em grande destaque nesta Volta a França: Jonas Abrahamsen. O norueguês da Uno-X Mobility foi para muitos injustiçado por não ter ganho o prémio de supercombativo na Volta a França depois de ter estado 5 dias em fuga e ter percorrido um total de 753 dos 1948 quilómetros totais em fuga na prova raínha do ciclismo. Abrahamsen ganhou ainda mais destaque pelo facto de ter também vestido tanto a Camisola Verde como a Camisola da Montanha durante vários dias na primeira semana do Tour, o que significa que mesmo tendo um registo inferior ao de Tarozzi na realidade os esforços de Abrahamsen foram de mais difícil execução. Mas ao contrário de Tarozzi os seus esforços acabaram por não resultar em nenhuma vitória de etapa sendo que registou um segundo lugar no Tour (batido por Kévin Vauquelin) e um segundo lugar na Dwars door Vlaanderen (batido por Matteo Jorgenson) mas tendo permitido que os respetivos vencedores chegassem à meta isolados.

Em terceiro lugar talvez uma cara menos conhecida, um homem de trabalho da Decathlon AG2R La Mondiale Team chamado Dries de Bondt que tem a particularidade de ter sido também o segundo com mais quilómetros em fuga de 2023. De Bondt conseguiu melhorar o seu registo de 2023 de 1651 para 1903 recentemente após duas longas fugas na Volta a Guangxi que o viram vestir momentaneamente a Camisola da Montanha, que acabou por perder no final da corrida. Ainda assim um registo impressionante do belga de 33 anos que não mostra sinais de abrandamento.

Jonas Abrahamsen vestiu também a Camisola da Montanha durante a Volta a França

Ainda dentro do Top 10 temos várias caras conhecidas e diria que pouco surpreendentes.

•  Marc Soler é dos nomes apresentados aquele que regista mais quilómetros em fuga em provas de World Tour e estou certo que se lembra do brilhante desempenho do espanhol na Volta a Espanha onde entrava na fuga praticamente todos os dias como forma de tentar limpar a imagem de uma UAE Team Emirates que ficou arredada da luta pela classificação geral quando João Almeida abandonou a corrida.
• Oier Lazkano, um ciclista que já venceu na Volta a Portugal, destacou-se com uma vitória na Clássica Jaén após 116km em fuga bem como vários ataques durante o Tour e a Vuelta e também um surpreende Top 10 no Criterium du Dauphiné. Isto fez com que o ex-campeão espanhol fosse um dos alvos mais cobiçados deste mercado e depois de um ano brilhante vai agora mudar-se da Movistar Team para a Red Bull - BORA - Hansgrohe.
• Julian Alaphilippe deve a sua presença no Top 10 deste ranking quase exclusivamente à sua soberba performance na Volta a Itália. Foi de longe o ciclista mais combativo da corrida e procurou desesperadamente uma vitória de etapa que o fizesse relembrar dos seus tempos de glória. O ciclista francês estava em final de contrato com a Soudal - Quickstep e já tinha sido criticado várias vezes publicamente pelo seu chefe de equipa Patrick Lefevere, alegando que não justificava na estrada o elevado ordenado de que auferia e criticando o seu alegado estilo de vida boémio. Ainda assim, o ex-bicampeão do mundo respondeu às críticas da melhor forma que sabe: na estrada. E assim Alaphilippe protagonizou uma das mais espetaculares vitórias do ano na etapa 12 da Volta a Itália numa etapa de constante sobe-e-desce que foi disputada a um ritmo louco. Alaphilippe despede-se assim da Soudal - Quickstep, equipa que representou durante toda a sua carreira e prepara-se para representar a Tudor nos próximos 3 anos.
• Pablo Castrillo não seria um nome que imaginariamos ver nesta lista há uns meses atrás mas o espanhol está para a Vuelta como Abrahamsen esteve para o Tour e Alaphilippe esteve para o Giro. O espanhol registou um total de 7 fugas na Vuelta, que lhe renderam duas vitórias de etapa em alta montanha (inclusive na mítica subida ao Cuitu Negru) e captaram a atenção de várias equipas World Tour. Castrillo mostrou-se ao mundo e vai agora assinar pela Movistar durante as próximas 3 épocas, tendo alegadamente recusado propostas mais lucrativas em prol de ter mais liberdade para nos continuar a mostrar o seu espírito combativo.

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