Florian Vermeersch viveu no início de outubro um dos momentos mais marcantes da sua carreira. Um ano depois de ter ficado em segundo lugar atrás de Mathieu van der Poel, o belga da UAE Team Emirates - XRG conquistou finalmente a camisola arco-íris de campeão do mundo de gravel, impondo-se com autoridade nas duras e sinuosas estradas do Sul do Limburgo.
Conhecido pela sua potência e resiliência em terrenos planos e traiçoeiros, Vermeersch tem-se afirmado como um dos ciclistas mais completos da equipa, com um papel determinante nas clássicas e, sobretudo, como apoio essencial de
Tadej Pogacar em corridas como a Paris-Roubaix, onde o esloveno voltará a tentar a vitória em 2026. E, segundo o próprio belga, não será de estranhar se um dia Pogacar também se aventurar no gravel competitivo.
"Ele mandou-me uma mensagem a dar os parabéns. Agradeço-lhe por isso2, contou Vermeersch à Sporza. "Conhecendo o Pogacar, ele provavelmente vai querer competir no
Campeonato do Mundo de Gravel no futuro".
Um triunfo improvável
A vitória de Vermeersch foi conquistada à custa de muita força, sangue-frio e, acima de tudo, improvisação. Logo no início da corrida, um furo parecia deitar tudo a perder, num cenário particularmente complicado, sem carros de apoio logo atrás, como acontece nas provas de estrada.
"Felizmente, tinha comigo um cartucho de CO₂ e tampões para tapar o buraco no pneu", explicou. "Isso atrasou-me cerca de um minuto e meio, mas após 20 ou 30 quilómetros consegui apanhar os restantes".
A partir daí, a corrida transformou-se num épico pessoal. O belga lançou um ataque decisivo a longa distância, em conjunto com Friets Besterbos, e os dois conseguiram escapar ao grupo principal até ao final. Vermeersch revelou um poder impressionante, não só a nível físico, mas também mental, demonstrando a capacidade de manter o ímpeto mesmo depois de um contratempo que poderia ter arruinado o seu dia.
"Foi uma corrida incrível", resumiu. "Depois de furar, não pensei que pudesse ganhar, mas continuei a acreditar. As pernas estavam fantásticas e o corpo respondeu quando mais precisava".
Pogacar e o gravel: uma possibilidade real
O novo campeão do mundo acredita que Pogacar poderá, em breve, juntar-se à lista de estrelas que se aventuram no gravel. O esloveno chegou a considerar a participação este ano, já que o evento estava inicialmente marcado para Nice, perto da sua residência, e realizado apenas um dia após Il Lombardia, a sua habitual corrida de fecho de temporada.
Contudo, a mudança para o Sul do Limburgo, nos Países Baixos, acabou por inviabilizar os planos. "Se o Mundial tivesse sido em França, penso que ele teria participado", admite Vermeersch. "Pogacar gosta de experimentar coisas novas, e conhecendo o seu espírito competitivo, acredito que vai querer disputar o título mundial de gravel um dia".
O exemplo de Tom Pidcock, que tentou combinar Il Lombardia e o Mundial de Gravel mas acabou por não brilhar em nenhuma das provas, mostra a dificuldade de conciliar os dois mundos. Ainda assim, Vermeersch acredita que Pogacar teria o perfil perfeito para o gravel: explosivo, técnico e capaz de lidar com percursos longos e irregulares.