"De repente estava ali com o Rui Costa, Aru, Kristoff, Ulissi, Gaviria. Nem sabia onde me sentar ao jantar" O adeus de Alessandro Covi à UAE

Ciclismo
sábado, 25 outubro 2025 a 20:19
Alessandro Covi
Durante seis anos, Alessandro Covi foi uma das presenças mais discretas mas constantes no império da UAE Team Emirates - XRG. Um ciclista que raramente ocupava as primeiras páginas, mas cujo contributo esteve presente em algumas das maiores conquistas da formação dos Emirados. Agora, aos 27 anos, o italiano inicia um novo capítulo na Team Jayco AlUla, levando consigo memórias, laços e uma história com Tadej Pogacar que resume bem o espírito da equipa.
Em entrevista à Bici.Pro, Covi recordou um gesto que o marcou. Durante a Volta à Andaluzia de 2023, Pogacar já somava três vitórias nessa semana, mas surpreendeu o grupo ao oferecer-se para o ajudar. “Durante a reunião no autocarro, o Tadej disse apenas: ‘Hoje fazemos o sprint para o Puma’”, contou Covi. “No final, ele e o Tim Wellens montaram o comboio para mim. Fiquei em segundo, atrás do Fraile, que venceu pela última vez na carreira. Às vezes ainda recordo isso ao Tadej.”

“Foi como deixar uma família”

A Clássica do Véneto de 2025 marcou a última corrida de Covi com as cores da Emirates. Depois da meta, confessa ter sentido o peso da despedida. “Gostei de cada uma das corridas do último mês e meio”, disse. “Havia sempre alguém a quem dizer adeus. Um colega, um mecânico, um massagista. Continuaremos a ver-nos no pelotão, mas foi algo de especial que terminou.”
O italiano encerra o ciclo com duas vitórias em 2025 e um papel crucial no desenvolvimento de Isaac Del Toro, a nova joia da equipa. “Mais do que as corridas, o que fica são as pessoas. São as 48 horas à volta de cada prova que criam as ligações mais fortes”, afirmou.
https://bici.pro/news/professionisti/primo-ultimo-giorno-viaggio-uae-covi/
A maior vitória de Covi pela Emirates foi no Giro de 2022

“Foi fascinante viver por dentro uma mentalidade vencedora”

Deixar a estrutura da Emirates significa despedir-se da equipa mais dominadora da última década. “Foi incrível fazer parte da transformação que nos tornou a melhor equipa do mundo”, comentou Covi. “No início do ano, ninguém imaginava que chegaríamos às 96 vitórias, mas alcançámo-las. Viver de dentro essa cultura de vitória foi fascinante.”
Covi destacou ainda o que distingue os líderes da equipa. “O Pogacar e o Del Toro têm uma mentalidade muito parecida. Ambos vivem o ciclismo com naturalidade, sem pressão. O Tadej é provavelmente o número um da história, mas é despreocupado, leve. E vejo em Del Toro algo semelhante, mesmo que o Tadej ainda esteja num patamar acima.”

Novo desafio, mesma ambição

Na Jayco AlUla, Covi espera encontrar um espaço diferente e a liberdade para procurar vitórias. “Quero levar tudo o que aprendi nestes anos e usar essa experiência para ajudar e crescer. Aos 27 anos, é o momento certo para evoluir.”
O “Puma de Taino” chegou à equipa dos Emirados em 2018, então como estagiário. “Era fã da Lampre em miúdo”, recorda com um sorriso. “De repente, estava ali com o Rui Costa, o Kristoff, o Ulissi, o Gaviria e o Aru. Nem sabia onde me sentar ao jantar.”
Seis anos depois, sai como um dos rostos mais respeitados da estrutura, um ciclista de confiança, parte invisível da engrenagem que sustentou a era Pogacar.
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