Com a chegada do mês de agosto, os fãs de ciclismo começam inevitavelmente a virar atenções para a
Volta a Espanha. A edição de 2025 arranca no sábado, dia 23, em Turim, e terminará no domingo, dia 14 de setembro, com a tradicional chegada a Madrid. A lista de inscritos ainda está longe de estar fechada, mas já conta com nomes de peso como
João Almeida, Richard Carapaz, Damiano Caruso, Antonio Tiberi, Felix Gall, David Gaudu, Egan Bernal, Enric Mas, Giulio Pellizzari, Jai Hindley, Mikel Landa, Max Poole, Eddie Dunbar, Matteo Jorgenson, Jonas Vingegaard, Sepp Kuss, Juan Ayuso e Derek Gee.
Ainda que possam surgir mais alguns candidatos, é entre estes ciclistas que deverá desenhar-se o top 10 final. Os grandes favoritos à camisola vermelha são Vingegaard e Almeida, sobretudo o dinamarquês, que terminou recentemente no segundo lugar da geral na Volta a França. Concluiu a prova a 4 minutos e 24 segundos de Tadej Pogacar, mas também com 6:36 de vantagem sobre o terceiro classificado, Florian Lipowitz, o que demonstra a margem significativa que possui sobre a maioria dos rivais. Sem Pogacar em prova, o líder da Team Visma | Lease a Bike é, naturalmente, o principal candidato à vitória.
Mas há outro nome que pode estar na luta pelo pódio e é precisamente dele que trata este artigo.
Giulio Ciccone é o homem em destaque. O italiano da
Lidl-Trek venceu recentemente a
Clásica San Sebastian, mostrando excelente forma após várias semanas sem competir. Embora uma clássica de montanha média não se compare a uma corrida de três semanas, com etapas duríssimas e subidas de cortar a respiração, o desempenho de Ciccone foi um forte sinal.
Começar a Vuelta no seu país natal pode representar um estímulo adicional para o transalpino. Convém recordar que Ciccone foi forçado a abandonar a Volta a Itália devido a uma queda, quando ainda estava na luta pela maglia rosa. Após 13 etapas, encontrava-se a 2:20 de Isaac del Toro, mas a queda na etapa 14 impediu-o de alinhar à partida na 15. Agora, em San Sebastian, deu uma verdadeira lição à UAE Team Emirates - XRG, em particular a Isaac del Toro e Jan Christen, que ficaram para trás na última subida antes de Ciccone cortar a meta em solitário.
Uma época sólida e consistente
A temporada de 2025 de Ciccone tem sido brilhante e vai muito além desta corrida e do Giro. Tudo começou no UAE Tour, onde apenas Tadej Pogacar conseguiu ser superior na classificação geral. Em termos simples, foi o melhor dos humanos. Na Liège-Bastogne-Liège, repetiu-se o cenário: segundo lugar, vencendo Ben Healy ao sprint, com Pogacar, o “extraterrestre” de 26 anos, a ser o único a chegar à frente com mais de um minuto de vantagem.
Entre estas provas, Ciccone participou ainda em três corridas. No Tirreno-Adriático, ficou em 13º numa edição de nível elevado, falhou na Milan-Sanremo, e terminou em quarto na Volta aos Alpes. Venceu logo a primeira etapa e chegou a vestir a camisola de líder da geral por um dia. Só Michael Storer, Thymen Arensman e Derek Gee, três grandes especialistas em montanha, o superaram.
Por tudo isto, Giulio Ciccone parece posicionar-se como a ponte entre duas gerações do ciclismo italiano: a de Ivan Basso, Michele Scarponi, Vincenzo Nibali e Fabio Aru, e a nova vaga liderada por Antonio Tiberi, Giulio Pellizzari, Davide Piganzoli e companhia. Esta Vuelta 2025 poderá muito bem marcar o melhor resultado da carreira de Ciccone numa prova de três semanas e talvez até o nascimento de um novo protagonista nas grandes voltas, caso se mantenha afastado das quedas.