Após a
Volta a França Feminina 2025,
Sarah Gigante voltou a estar no centro das atenções mediáticas. A trepadora da
AG Insurance - Soudal confirmou-se como uma das melhores escaladoras do pelotão internacional, mas ao mesmo tempo viu as suas limitações em descida amplamente escrutinadas pela comunicação social.
"Julgo que muito se deve à experiência em corrida, porque não tenho muitas oportunidades de descer em pelotões nas montanhas mais complicadas e tenho tido um calendário com poucos dias de competição", reconheceu Gigante no podcast Domestique Hotseat. "Apesar de já ser profissional há alguns anos, quando passas seis meses sem competir, acabas por ficar enferrujada."
Um regresso brilhante e uma nova paragem forçada
A australiana de 24 anos foi vítima de contratempos físicos em 2025. Apenas regressou à competição no final de maio, na Volta à Noruega, depois de lidar com problemas causados por uma endofibrose. Contudo, um mês mais tarde voltou em grande estilo: conquistou duas etapas nas montanhas mais duras da Volta a Itália feminina, subindo ao pódio final da prova.
Duas semanas depois, esteve entre as poucas que conseguiram acompanhar Pauline Ferrand-Prévot no Col de la Madeleine, garantindo o 6º lugar da geral da Volta a França Feminina. O seu calendário, porém, acabou por ficar interrompido após uma queda em treino antes do Campeonato do Mundo, da qual resultou uma fratura no fémur. Ao todo, Gigante somou apenas 23 dias de corrida nesta temporada.
As dificuldades técnicas nas descidas
Gigante admite que as suas dificuldades em descida estão ligadas a pormenores técnicos:
"Subestimei realmente a diferença. Pode parecer uma desculpa, mas correr com rodas com perfil não é o mesmo que treinar em casa com rodas normais. É preciso tempo para ganhar confiança", explicou.
A australiana acrescentou que, depois da Volta à Suíça, a equipa fez ajustes importantes que já surtiram efeito. "Tinha dificuldades em chegar bem aos travões nas descidas. Os travões estavam demasiado afastados e eu tenho mãos pequenas, o que dificultava ainda mais o controlo. Ajustámos isso e senti logo grande diferença", revelou.
Apesar das críticas, Gigante acredita que o fosso entre a sua excelência como trepadora e as suas limitações em descida acaba por amplificar a perceção negativa. "O frenesim mediático surgiu porque subo muito bem. Isso cria um contraste. Mas não significa que seja a pior a descer do mundo ou que seja mais lenta do que a avó de alguém, como gostam de me dizer."
Pressão mediática e mensagens negativas
A ciclista também revelou que recebeu mensagens desagradáveis após as críticas públicas. "Houve pessoas que sentiram necessidade de me enviar mensagens privadas ou comentar diretamente os meus posts. Se eu quisesse encontrar ódio, encontrava-o facilmente. Mas será mesmo necessário enviarem-me mensagens pessoais?", questionou.
Ainda assim, Gigante coloca tudo em perspectiva: "A cobertura do ciclismo feminino está a crescer de forma incrível. Isso traz também algumas desvantagens, como mais críticas e mais pressão. Mas aceito esse lado, porque significa que a nossa modalidade está a evoluir. Se isso for o preço a pagar, então vale a pena."