A temporada de 2025 da
UAE Team Emirates - XRG ficará para a história pelo domínio absoluto em praticamente todas as frentes e pela consagração de
Isaac Del Toro como um dos novos gigantes da classificação geral. Em entrevista ao L’Équipe,
Tim Wellens abriu as portas da equipa mais dominante do ciclismo mundial, descreveu o impacto do jovem mexicano e falou com paixão sobre o seu próprio futuro nas Clássicas.
Del Toro, o novo motor da equipa
A ascensão meteórica de Del Toro no final de 2025 foi um dos temas centrais do ano. Para Wellens, correr ao lado do mexicano de 21 anos foi inspirador. "Antes das corridas italianas no final da época, toda a gente estava cansada, mas eu estava ansioso por correr porque sabia que íamos estar lá com o Isaac Del Toro", contou. "Era quase certo que ele ia ganhar sempre. Foi incrível fazer parte dessa energia".
O belga destacou a maturidade e o instinto tático do jovem talento, que já se comporta como um líder experiente. "Ele é muito inteligente e maduro, é como se tivesse dez anos a mais", elogiou. "Mesmo com os seus companheiros de equipa, sabe sempre o que tem de ser feito. Depois da Volta a Itália, não ganhou, mas mesmo assim deu algo à equipa. Esse tipo de atitude motiva toda a gente".
2025 foi um ano especial para Wellens, que ganhou uma etapa no Tour e completou a trilogia de vitórias nas grandes voltas
"Somos os melhores" - a confiança de uma máquina vencedora
A UAE Team Emirates - XRG somou quase 100 vitórias em 2025 e mostrou uma superioridade raramente vista. Wellens explicou que o sucesso se alimenta da própria confiança. "Antes do GP de Montréal dissemos: ‘Não há razão para stressar, somos os melhores’. E depois dominámos completamente a corrida", recordou. "Espero que os outros não vejam isto como arrogância, mas compreendo que seja frustrante".
O belga destacou também a ética de trabalho que define o grupo: "Um dia, tínhamos acabado de regressar de Abu Dhabi, estávamos todos exaustos, mas ele (Del Toro) continuou a treinar sob um calor abrasador".
Mesmo numa equipa repleta de estrelas,
Tadej Pogacar continua a ser a referência. Wellens não escondeu a admiração pelo campeão do mundo. "Se eu não fizesse parte da sua equipa, talvez também me cansasse dele", admitiu, entre risos. "Mas vejo como ele trabalha arduamente. Para mim, ele é o ciclista mais profissional da equipa, juntamente com o Juan Ayuso".
O esloveno não é apenas o líder em competição, mas também a alma do grupo. "Quando o Tadej está presente, tudo é melhor, o ambiente é mais descontraído, rimos mais e o pessoal está ainda mais motivado", acrescentou Wellens.
O fogo das Clássicas continua aceso
Apesar de ter desempenhado um papel essencial de apoio aos líderes, Tim Wellens garante que as suas ambições pessoais permanecem vivas. "Estamos a falar em fazer um reconhecimento para a Paris-Roubaix", revelou. E mesmo quando atua como gregário, o belga mostra que continua competitivo: "Mesmo quando o Tadej está lá, como na Strade Bianche, sou o último a ajudá-lo, e ainda assim terminei em terceiro".
O sonho, confessa, mantém-se claro: "Claro que sonho em ganhar a
Volta à Flandres. Mas, honestamente, se conseguisse vencer qualquer uma das Clássicas, isso já seria fantástico".
Uma dinastia em construção
Entre a consistência de Del Toro, a genialidade de Pogacar e a cultura de excelência que a equipa consolidou, Wellens descreve um grupo que não apenas domina o ciclismo moderno, mas que está a construir uma verdadeira dinastia.
"Trabalhar para a grandeza, aproveitar os momentos e nunca deixar de acreditar", é assim que o belga resume a filosofia da Emirates. E, com 2026 no horizonte, a ambição é clara: continuar a vencer em todas as frentes, com o sonho da glória na Flandres ainda bem vivo.