"Em 7 anos, só tivemos uma discussão" Patrick Lefevere, após a saída de Evenepoel da Quick-Step

A história de Remco Evenepoel com a Soudal–Quick-Step terminou na Il Lombardia, fechando uma relação de sete anos marcada por altos e baixos, mas também por conquistas históricas. O belga parte agora para a Red Bull – BORA – hansgrohe sem arrependimentos e com laços de respeito intactos com antigos colegas e dirigentes de equipa.

Patrick Lefevere, que deixou o cargo de diretor desportivo da Soudal – Quick-Step no final de 2024, voltou a falar sobre a saída do seu antigo protegido durante a última corrida de Evenepoel com a equipa belga. Fê-lo numa entrevista conjunta com o pai do ciclista, Patrick Evenepoel.

“O Remco corre há sete anos pela nossa equipa. Durante esse tempo, só tivemos uma discussão”, revelou Lefevere. O pai do corredor apressou-se a minimizar o episódio. “Nem sequer lhe chamaria uma discussão. Foi mais uma diferença de opinião.”

Com o seu humor habitual, Lefevere acrescentou. “Conhecem muitos casais que tenham passado sete anos sem uma única discussão? Não vou dizer que foi um acontecimento sem importância, mas no nosso caso saiu logo nos jornais.”

Patrick Evenepoel, que atualmente gere a equipa de jovens R.EV Cycling Team, aproveitou para reconhecer a exigência do papel que Lefevere desempenhou durante tantos anos. “Agora percebo melhor o que significava ser diretor. Estou a viver isso ao nível das camadas jovens e só posso imaginar como é no World Tour. Continuamos a ter um enorme respeito pelo Patrick.”

A época de 2025 de Remco Evenepoel foi uma das mais completas da sua carreira. Apesar de não ter conseguido bater Tadej Pogacar nas grandes corridas de um dia, o belga confirmou-se como o maior especialista de contrarrelógio da atualidade e um dos ciclistas mais versáteis do pelotão.

Evenepoel conquistou, pela terceira vez consecutiva, o título mundial de contrarrelógio, somando ainda os títulos europeu e belga na mesma disciplina. Venceu ao sprint Wout van Aert na Brabantse Pijl, triunfou em etapas de contrarrelógio na Volta à Romandia, Critérium du Dauphiné (batendo Pogacar e Vingegaard), Volta a França e na Volta à Grã-Bretanha, onde também conquistou a geral.

Se não fosse o domínio absoluto de Pogacar, o currículo de Evenepoel em 2025 teria sido ainda mais brilhante. O belga foi segundo no Campeonato do Mundo de Estrada em Kigali, no Campeonato da Europa e na Il Lombardia, ficando apenas atrás do esloveno.

Mas o reconhecimento é unânime: Evenepoel foi, como dizem muitos, “o melhor dos humanos”. E agora, com a mudança para a Red Bull – BORA – hansgrohe, inicia uma nova fase da sua carreira, motivado por novos objetivos e pela oportunidade de continuar a evoluir sob a orientação de Dan Lorang.

A relação com a Soudal – Quick-Step termina sem polémicas, mas com um simbolismo especial - o fim de um ciclo que moldou tanto o ciclista como o homem. Entre conquistas, frustrações e uma única “diferença de opinião”, Remco Evenepoel despede-se da equipa que o viu crescer como uma das figuras centrais da nova geração do ciclismo mundial.