A Emirates vai a jogo para defender o título de
Tadej Pogacar no Tour, num alinhamento que tem
João Almeida e
Adam Yates como principais destaques. Juan Ayuso, que criou mau ambiente na última edição, estará ausente e, se avaliarmos apenas pela qualidade individual, é negativo, mas para o coletivo poderá ser uma notícia positiva.
Estatísticas da UAE Team Emirates - XRG em 2025
50 vitórias, 113 pódios, 203 top, 1º lugar no ranking UCI 2023-2025
Alinhamento da UAE Team Emirates - XRG para a Volta a França
Tadej Pogacar
João Almeida
Adam Yates
Se conquistar o 4º título, Pogacar pode igualar Froome e ficar apenas a uma vitória dos recordistas no Tour
Um alinhamento tirado quase a papel químico do Tour 2024, a única troca é a entrada de Narváez, por troca com Ayuso. Pogacar chega igualmente dominante, ganhou as duas provas de 1 semana em que participou: UAE Tour e
Critérium du Dauphiné, além de vitórias em etapas e em clássicas importantes, incluindo 2 monumentos.
Chega novamente como favorito máximo e no ensaio geral bateu com clareza os dois principais rivais: Vingegaard e Evenepoel. Relativamente ao percurso, terá que trabalhar melhor o contrarrelógio, não pode perder 2,8 segundos/ quilómetro para o campeão olímpico, isso daria 1:30 perdidos nos 33kms de esforço individual em Caen.
Acredito que a primeira vitória de etapa poderá surgir logo na 6ª etapa, um final muito inclinado, ideal para começar a recuperar alguns segundos. Vai ter desafios difíceis como o Hautacan ou o Col de la Loze, onde teve derrotas importantes para Vingegaard, mas amadureceu nestas subidas e penso que voltará a vencer a
Volta a França, ainda que, com menos margem que na edição anterior.
João Almeida é 2º no ranking de 2025, apenas atrás de... Pogacar e isso diz tudo sobre a temporada do português - absolutamente épica. Vitórias nas gerais da Volta ao País Basco, Volta à Romandia e Volta à Suíça, com 5 etapas pelo meio, 2º lugar na Volta ao Algarve e na Volta à Comunidade Valenciana e apenas uma doença no Paris-Nice lhe tirou a chance de fazer melhor, ainda assim foi 6º e ganhou uma etapa, mostrando o instinto matador que o tem caracterizado este ano.
Voltou a recuperar o seu nível no contrarrelógio, está melhor nas subidas longas, voltou a ter explosividade, já disse que estará ao serviço de Pogacar, não descarto uma vitória de etapa e confio que fará pódio na geral. O trabalho para o esloveno será, salvo circunstâncias atípicas, feito na fase final das subidas, antes de este atacar, pelo que, a partir desse momento, o João terá liberdade para fazer a sua corrida.
Adam Yates não tem estado no seu melhor este ano e é a partir daqui que a UAE começa a perder para a Visma, não sei qual será a estratégia da equipa com Yates, se vão colocá-lo a impor ritmo para arrasar o pelotão ou lançá-lo em fugas para obrigar a Visma a trabalhar, algo que, numa fase inicial, não acredito que a equipa faça. O Yates de 2024, nem digo o de 2023, já seria excelente para Pogacar e... já agora para Almeida.
Sivakov e Wellens foram os melhores gregários de Pogacar no Dauphiné, depois de um primeiro dia de montanha menos bom, conseguiram superiorizar-se à Visma nos 2 dias seguintes e reduzir o grupo, antes dos ataques de Pogacar, a expectativa é que mantenham ou melhorem a forma no Tour.
Marc Soler é um ciclista que eu não levaria a esta Volta a França, bem sei que tem estado sempre ao lado de Pogacar na Grand Boucle desde 2022, ano em que se juntou à equipa, mas havia ciclistas em melhor forma e mais válidos na alta montanha, estou a lembrar-me de Rafal Majka, não obstante de ter feito o Giro, ou até Felix Grosschartner. No entanto, com a sua habitual irregularidade, o espanhol pode surpreender-me e fazer um grande Tour.
Narváez e Politt vão trabalhar na média montanha e terreno plano, controlar e selecionar as fugas e proteger Pogacar em dias de vento. Destaco uma curiosidade sobre o alemão, tem 8 presenças em grandes voltas, todas na Volta a França, corrida que faz de forma consecutiva desde 2017!
Original: Miguel Marques