A equipa Jayco AlUla apresenta-se na
Volta a França de 2025 com uma estrutura bicéfala: Ben O’Connor será o homem da geral,
Dylan Groenewegen a referência nos sprints. Mas com nomes como
Luke Plapp no plantel, também há margem para ambição nas fugas. O jovem australiano de 24 anos, vencedor de etapa na Volta à Itália, é um dos trunfos mais versáteis da formação e chega à Grande Boucle sem pressão, mas com grande entusiasmo.
O CiclismoAtual encontrou-se com Plapp em Lille, onde a equipa australiana recebeu os meios de comunicação social, e o ciclista partilhou os bastidores da sua inesperada convocatória. “Quando soube, ainda não tinha feito qualquer estágio de altitude ou preparação específica. Estava em casa, e basicamente fizemos treino de rolos quase todos os dias até aqui”, contou. “Ter a Volta à Itália nas pernas ajudou. Foi só afinar, fazer treinos curtos, muito intensos. Com o calor, é fácil: três horas a esforçar-me ao máximo, depois casa e descanso. Sinto que dei mais um passo desde o Giro.”
Plapp venceu a oitava etapa da Volta à Itália e abandonou a prova na etapa 17. Pelo meio, ainda conquistou a geral da Volta à Grécia, numa primeira metade de temporada bastante preenchida, acumulando 37 dias de competição antes da Grande Départ. Ainda assim, diz-se psicologicamente fresco: “Penso que é a primeira vez que me sinto realmente preparado para uma Grande Volta. No Giro entrei sem grandes pressões e saí mais forte. Isso fez-me absorver melhor a corrida. Agora quero ver como reajo nesta.”
O ambiente vivido no norte de França também o marcou. “Foi especial. Há muito mais gente, muitos mais jornalistas. Toda a gente diz que a Volta a França é um circo, uma loucura, mas só se percebe o que é isto quando estamos cá. Mas estou a gostar. Nada disto me afecta. É um ambiente fantástico e estou ansioso por começar.”
Especialista em ataques de longe, Plapp será uma mais valia sobretudo em dias para as fugas. No entanto, a primeira semana exigirá trabalho de equipa, quer na protecção a O’Connor em dias delicados, quer na colocação de Groenewegen para os sprints. “Gostava de ajudar onde puder. Nos primeiros 10 dias, talvez possa dar uma folga ao Durbo [Luke Durbridge] e trabalhar na frente para preparar o Dylan. Se houver uma oportunidade, tentarei aproveitá-la. Se não, quero ajudar o Ben nas montanhas.”
Plapp também encara esta Volta como uma aprendizagem, sobretudo como gregário em alta montanha. “Nunca corri com este nível de ciclistas em provas por etapas. Estou curioso para ver como me sinto nos dias duros nas montanhas a apoiar o Ben. Será bom para perceber onde estou e o que preciso de trabalhar para o futuro.”
A abordagem do jovem australiano à prova é descontraída, talvez até em demasia, admite com um sorriso. “Para ser sincero, nem olhei para o percurso. No Giro, sabia de cor todas as etapas onde podia tentar algo. Aqui, só sei que o primeiro dia é um sprint. E sinceramente, se ganharmos com o Dylan e ficarmos com a camisola amarela, tudo o resto será um sucesso.”
A palavra de ordem é viver um dia de cada vez. “Quero aproveitar ao máximo cada dia. Se o Matthew Hayman disser que é um bom dia para atacar e que posso entrar numa fuga, vou a jogo. Mas não faço planos. Vou deixar que a corrida diga o que posso fazer.”